Todas as semanas, às vezes todos os dias, a imprensa da vanguarda fofinha tem um novo sobressalto, uma nova indignação, mesmo que a segunda contradiga a primeira. Ora se chateia porque os professores são inconvenientes com os alunos sobre sexualidade, ora se indigna porque os alunos não revelam a sua sexualidade aos professores.
Há uma razão para os estudantes não falarem das suas preferências aos professores, e não é preconceito. É bom senso. A única vantagem de ser adolescente é não ter de contar nada aos adultos. E a maior vantagem de ser adulto é não ter de ouvir os adolescentes. Os actos e os gostos sexuais dos jovens devem ficar entre eles. Os professores, em vez de se preocuparem por não conhecer as preferências sexuais dos alunos, deviam era estar satisfeitíssimos com isso.
A única situação aceitável para se ter curiosidade sobre as predilecções sexuais de alunos é durante filmes como “As Gémeas no Colégio dos Quatro Mastros”. Nesse caso, e apenas para se poder seguir melhor a narrativa, é tolerável querer saber. Mas note-se que, ainda assim, a pergunta surge em forma de dúvida interior, e a revelação forma-se com o desenrolar da narrativa.
Para o jornalismo fofinho, a falta de publicitação do que a mocidade gosta de ver ou de fazer é um enorme problema a resolver pelas comunidades educativas. Obviamente, não faltará muito para aparecer na primeira página dos mesmos jornais a terrível história de assédio de um professor muito progressista que, para resolver a falta de comunicação intergeracional que aflige diariamente o jornalismo de causas, dedicará uma aula a conhecer exaustivamente as orientações sexuais dos seus alunos.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia