O que sabe sobre o cancro da tiroide?

Escrito por João Lapo Vicente

“A vigilância é feita através de consulta médica regular, com a realização de ecografia e doseamento de um marcador tumoral específico, a tiroglobulina. Esta vigilância deve ser mantida durante toda a vida.”

A 25 de maio assinala-se o Dia Mundial da Tiroide, que tem por objetivo alertar para a importância do diagnóstico precoce e tratamento de doenças que afetam a tiroide.
O cancro da tiroide é um tumor maligno relativamente raro, sendo que as formas menos agressivas, os carcinomas bem diferenciados, representam cerca de 95% dos casos.
A apresentação habitual é a presença de um nódulo na tiroide, não causando habitualmente sintomas. A presença de nódulos da tiroide é muito comum na população em geral, sendo que menos de 5% dos nódulos da tiroide são malignos.
Se notar o aparecimento de um nódulo procure aconselhamento médico com brevidade, já que o diagnóstico precoce é o maior aliado no sucesso do tratamento.
O diagnóstico passa pela realização de ecografia e de uma biópsia – citologia aspirativa – do nódulo suspeito. O resultado da biópsia pode ser sugestivo, mas o resultado definitivo é obtido após a remoção cirúrgica.
O primeiro passo no tratamento passa por cirurgia. A extensão pode passar por remoção total da glândula tiroideia (tiroidectomia total) ou remoção parcial (lobectomia), que pode ser opção em casos de tumores mais pequenos ou menos agressivos. Em casos de extensão da doença para os gânglios do pescoço, a cirurgia também implicará a remoção dos gânglios afetados (linfadenectomia cervical). Estudos mais recentes sugerem que carcinomas papilares pequenos com menos de 1 cm, chamados microcarcinomas, poderão ser vigiados com segurança, sem recurso a cirurgia.
Após a cirurgia de remoção completa da tiroide é necessário repor a hormona tiroideia, com medicação para o resto da vida, fundamental para o funcionamento do organismo. A dose de medicação será ajustada a cada caso, tendo em conta o resultado obtido por uma análise de sangue. Em casos avançados pode ser necessária a realização de terapia com iodo radioativo.
A vigilância é feita através de consulta médica regular, com a realização de ecografia e doseamento de um marcador tumoral específico, a tiroglobulina. Esta vigilância deve ser mantida durante toda a vida.
Apesar do diagnóstico ser assustador para a maioria das pessoas, o prognóstico da doença é excelente, com taxas de sobrevida superiores a 98% aos 5 anos após o diagnóstico. O tratamento cirúrgico é curativo na maioria dos casos e praticamente não causa dor ou incapacidade. Mesmo nos casos mais avançados existem outras opções de tratamento eficazes, pelo que esta doença pode e deve ser encarada de forma otimista.

* Cirurgião geral no Hospital CUF Viseu

N.R.: Esta secção é uma colaboração mensal do Hospital CUF Viseu, na qual os seus profissionais partilham conselhos e dão dicas sobre saúde.

Sobre o autor

João Lapo Vicente

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