A litíase urinária, uma doença comum, caracteriza-se pela presença de cálculos, vulgarmente chamados de “pedras”, no trato urinário. Estes cálculos são formados nos rins e expelidos através da urina. Esta passagem pode ser perfeitamente assintomática (para cálculos pequenos, até 5 mm de diâmetro) ou causarem sinais e sintomas cuja gravidade pode variar desde ligeiro incómodo até à cólica renal.
Os cálculos formam-se devido a uma combinação de fatores: dieta, exposição ambiental, alterações anatómicas e obesidade. Algumas doenças também predispõem à formação de cálculos como, por exemplo, a Gota (por excesso de ácido úrico) e o Hiperparatiroidismo (por excesso de cálcio). Alguns medicamentos igualmente podem predispor ao aparecimento de cálculos, bem como algumas infeções crónicas do trato urinário. No entanto, a pouca ingestão hídrica diária é uma das causas mais frequentes.
Em muitos casos quando os cálculos estão alojados nos rins são assintomáticos ou pouco sintomáticos: leves dores intermitentes na região lombar, por vezes urina mais escura, particularmente no final do dia, desaparecendo esse aspeto pela manhã, ou mesmo períodos de febre com desaparecimento mais ou menos rápido e sem outros sintomas. Já quando um cálculo se desloca ao longo do sistema excretor pode causar uma cólica renal, com dor geralmente súbita e intensa na região lombar do lado afetado e irradia para a virilha. Uma particularidade que pode ajudar a diferenciar da dor causada por lesões osteomusculares nas costas é o facto de quem sofre cólica renal não ter posição de alívio, geralmente não conseguindo estar parado, ao contrário da dor de origem osteomuscular, em que o repouso geralmente alivia a dor.
Outros sintomas podem manifestar-se como náuseas, vómitos, sangue na urina, febre, entre outros. Nestes casos é importante procurar tratamento urgente em ambiente hospitalar.
Com uma boa hidratação e analgésicos, os cálculos inferiores a 5 milímetros são eliminados espontaneamente em grande parte dos casos. O tratamento pode também passar por medicação e em determinados casos poderá ser necessário remover as “pedras”. Atualmente existem métodos e opções cirúrgicas cada vez menos invasivos, que permitem uma rápida recuperação.
É igualmente fundamental apostar na prevenção desta doença: ingerir cerca de 3 litros de água por dia; privilegiar uma dieta equilibrada rica em vegetais e fibras, com redução de sal, limite do consumo de cálcio a 1,2 g por dia, redução no consumo de proteínas animais a 0,8 a 1 g / kg/dia (para uma pessoa com 75kg de peso será entre 60 a 75 g de proteínas/dia); manter o peso corporal ideal e praticar exercício físico regularmente, são algumas das medidas a adotar.
* Coordenador de Urologia no Hospital CUF Viseu
N.R.: Esta secção é uma colaboração mensal do Hospital CUF Viseu, na qual os seus profissionais partilham conselhos e dão dicas sobre saúde.