O vácuo

Escrito por António Costa

« Somos e estamos rodeados de matéria. É difícil organizar as nossas ideias em relação ao Nada. Realizemos o teste seguinte: juntemos as mãos, encaixando as palmas muito fortemente uma na outra; pouco a pouco, separemo-las tentando criar um espaço vazio entre as palmas; em seguida ouviremos o ruído do ar que penetra todos os pequenos interstícios existentes. »

Somos e estamos rodeados de matéria. É difícil organizar as nossas ideias em relação ao Nada. Realizemos o teste seguinte: juntemos as mãos, encaixando as palmas muito fortemente uma na outra; pouco a pouco, separemo-las tentando criar um espaço vazio entre as palmas; em seguida ouviremos o ruído do ar que penetra todos os pequenos interstícios existentes. Por instantes, conseguimos criar um pequeno vácuo.

É complicado, mas, às vezes, muito útil obter um bom vácuo. O homem levou séculos a aperfeiçoar a tecnologia do vácuo que atualmente se utiliza para produzir um “chip” de computador ou para estudar a fundo as colisões das partículas elementares.

O ar está povoado de moléculas, tantas que em 20 litros de ar encontramos mais 1023. Quando, repetindo, o exemplo anterior, juntamos as mãos e as separamos, tentando isolar o vácuo criado pelas palmas, apenas conseguimos eliminar algumas moléculas. O ar que rodeia as nossas mãos está desejoso de ocupar o espaço livre que criámos. Se quisermos criar um bom vácuo, temos de o isolar do exterior.

A mera ideia de que o ar que cerca o recinto em que se criou um vácuo exerce uma pressão tremenda para entrar nesse recinto, explica numerosos fenómenos que nos rodeiam. É assim que funciona a palhinha pela qual bebemos um sumo: ao chuparmos, criamos um vácuo, o ar exterior empurra a superfície do líquido no copo e as moléculas fluem para a nossa boca. As lapas também se fixam desta maneira, às rochas, ou as ventosas que prendem um cartaz a um vidro.

A própria meteorologia baseia-se no facto das deslocações do ar forçarem o rápido preenchimento do espaço deixado vazio. Compreender os pormenores da criação de um vácuo pode ser uma tarefa difícil para um adulto. Mas criar e aproveitar vácuos é um instinto básico de qualquer bebé. A alimentação de um recém-nascido baseia-se na sucção. O bebé é uma bomba de vácuo inata. A seleção natural opera milagres!

Sobre o autor

António Costa

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