O ping-pong de Pedrinho e Luizinho e… a ronda beirã

Escrito por Albino Bárbara

“O Inverno está a chegar e com ele muita água vai correr debaixo das pontes. Recordo apenas que o ensinamento popular refere a extrema dificuldade de a mesma água correr debaixo da mesma ponte.”

A novela bicolor vai terminar em breve. Falta menos de uma semana. A historieta de cordel é tão ridícula que se conta em duas penadas. Vamos a ela:
O Pedrinho, entrincheirado na Torre de S. João de Oliva, atirou um sapato fabricado na Tacmacal ao vizinho Luizinho. Este, por seu lado, munido de pá, pica, sachola e mais umas quantas alfaias agrícolas toma posição (umas vezes em defesa, outra ao ataque), em ponto estratégico do Planetário Espinhense. Afinal esta guerra entre vizinhos, separados que estão por pouco mais de 20 quilómetros, tem a ver com alguns pormenores de um terreno que é comum numa vasta freguesia que é de todos e a todos diz respeito, mas onde ambos apenas sabem apalhaçar a coisa, tipo Batatinha e Soneca, e se um diz “patati” o outro responde “patatá”. Lindo de se ver, sim senhor…
Dito de forma séria: o entendimento (quer se goste quer não) tem obrigatoriamente de ser ao centro e aqui entram processos de cedência, coerência, postura e sentido de Estado, porque se assim não for o filme futuro poderá ser mais ou menos o mesmo, apenas com o escarro que a democracia deixou parir a perder uma mão cheia de deputados, numa eventual troca de moscas. O argumento cinematográfico é este e, já agora, manda o decoro que a estes dois não se lhes faça o celebre desenho. Sim, para quê?
Viremos a página. A curiosidade do momento passa por uma análise sumária das autárquicas. Assim, daqui a um ano, estaremos a assistir às diversas tomadas de posse dos (novos) governantes locais.
Numa vista rápida pelos 14 concelhos do distrito e, sem querer fazer futurologia, até porque o povo é quem mais ordena, tendo apenas e tão só o olhar atento e “o andar da carruagem”, poucas ou (quase) nenhumas alterações se vislumbram no mapa político da Guarda. Só por surpresa… Oito Câmaras para o PSD, três para o PS e duas independentes. Da capital de distrito falamos mais à frente.
Aguiar da Beira – Virgílio Cunha sucede a Virgílio Cunha.
Almeida – Machado sucede a Machado.
Celorico da Beira – Ascensão sucede a Ascensão.
Figueira de Castelo Rodrigo – Condesso sucede a Condesso.
Fornos de Algodres – Alexandre Lote sucede a Manuel Fonseca (por força da lei, não se pode recandidatar).
Gouveia – Jorge Ferreira sucede a Tadeu (por força da lei, não se pode recandidatar).
Manteigas – Flávio sucede a Flávio.
Mêda – Mourato sucede a Mourato com alguma probabilidade de entrega posterior ao parceiro de coligação, César Figueiredo.
Pinhel – Daniela Capelo sucede a Rui Ventura (por força da lei, não se pode recandidatar).
Sabugal – Vítor Proença sucede a Vítor Proença.
Seia – Luciano Ribeiro sucede a Luciano Ribeiro
Trancoso – Eduardo Pinto sucede a Amílcar Salvador (por força de lei, não se pode recandidatar).
Vila Nova de Foz Côa – João Paulo Sousa sucede a João Paulo Sousa.
Apostas (difíceis): PSD a arregaçar mangas em Aguiar e Trancoso. PS dar corda aos sapatos em Gouveia.
Por último, vamos à Guarda onde apenas as coisas estão um poucochinho baralhadas. Sérgio Costa sucede a Sérgio Costa. No entanto, num “dejá vu” requentado e, (quase) em final de carreira, Álvaro (se a nacional lhe permitir) poderá (ou não) ser cabeça de lista, o que obrigará o líder da Distrital a ser número dois deixando assim de fora uma série de candidatos a candidatos. Os habituais comportamentos alaranjados, verdadeiros creatores rei publicae facta.
P’rás bandas do PS a coisa é bem mais simples. Ana Mendes Godinho, qual Fénix, é vista como D. Sebastião. Se, por acaso ou por vontade própria, não se vier a concretizar (o que pode muito bem acontecer), a escolha está feita: António Monteirinho. Com toda a certeza.
Resumindo e concluindo: Se a disputa for entre Sérgio, Ana e Amaro, Sérgio leva indiscutivelmente a dianteira, mas… tendo em conta três pesos pesados, os lugares do pódio tornar-se-ão uma incógnita, residindo aqui o verdadeiro busílis da questão. A maioria absoluta dificilmente existirá e o tal filme que estamos presentemente a ver poderá mesmo repetir-se.
O Inverno está a chegar e com ele muita água vai correr debaixo das pontes. Recordo apenas que o ensinamento popular refere a extrema dificuldade de a mesma água correr debaixo da mesma ponte. Todos o sabemos. Os políticos também…

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Albino Bárbara

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