É altura de balanços e haveria muito sobre que falar. Vou resumir a análise do ano ao estado a que chegaram as principais instituições da cidade: a Câmara Municipal, a Unidade Local de Saúde da Guarda e o Instituto Politécnico da Guarda. Sobre o resto saberemos melhor quando concluirmos, mais uma vez, que o Orçamento Geral do Estado não acompanhou as boas intenções dos políticos. Mesmo assim, uma nota: o interior apresenta das mais baixas taxas de desemprego de sempre, embora à custa da falta de gente em idade ativa.
A Câmara continua a seguir o formato implementado por Álvaro Amaro. Os acontecimentos sucedem-se, de Feira Farta em Noite Branca em Feira Internacional de Turismo em madeiro de Natal. Periodicamente acena-se com o possível e futuro cumprimento de mais uma promessa, mas a rotina segue o seu curso: ruas cortadas para mais um evento, discursos, tudo na mesma, incluindo a insistência em dissipar dinheiro em trivialidades quando parece não o haver para o essencial. Mas houve novidades: do lado bom, algo de mais concreto quanto aos passadiços do Mondego; do mau, visitas da Polícia Judiciária, suspeitas de corrupção.
A ULS tem hoje o dobro dos funcionários que tinha no tempo da administração do meu amigo Fernando Girão. Apesar de ter concluído a primeira fase da construção do novo hospital e arrancado com a ULS, recebeu como paga processos judiciais, má imprensa e ataques mesquinhos vindos de todas as direções. Hoje, com quase dois mil funcionários, muitos vindos dos viveiros dos partidos, contratados sem qualquer justificação ou necessidade, continuam a faltar médicos, técnicos e enfermeiros. A segunda fase não foi cumprida a pretexto da austeridade, mas na realidade iria dar lucro ao Estado, como notou Girão. A verdadeira razão estará na perda de importância da cidade a favor de outras paragens, no silêncio das administrações seguintes, dos responsáveis políticos da região e, já agora, da imprensa.
O IPG continua na mesma. As médias de entrada são baixas, o que é sintoma da baixa procura dos seus cursos. Há cursos que não chegam a abrir por falta de alunos. É verdade que foi encontrado um novo nicho de mercado, em África, e a cidade agradece, pelo movimento e pelo colorido. Os problemas estruturais, contudo, são os mesmos. Ninguém espera, nem eles, que os estudantes africanos se fixem na Guarda e façam cá a sua vida. Dirão que o declínio do IPG é consequência do declínio da região, e é verdade, mas isso não explica porque estão outros politécnicos do interior em muito melhor situação.
Tudo vem ter aqui: nos casos da Câmara, da ULS, do IPG, há sempre a desculpa do despovoamento, da crise, do esquecimento dos poderes centrais, mas devia falar-se mais em má governação.