No início da semana, o canal HBO prometeu aos fiéis seguidores da série “Guerra dos Tronos” o primeiro episódio da última temporada. No entanto, à hora prevista (2 da madrugada), o episódio não estava disponível. De imediato, a indignação e a revolta encheram as redes sociais – ou melhor, a indignação e a revolta que já enchem as redes digitais dirigiram-se, desta vez, contra a produtora norte-americana. A HBO pedia aos espectadores um acto abjecto e inaceitável no século XXI. Esperar. Um bocadinho.
Mandar esperar, hoje em dia, é uma espécie de insulto. É como mandar a certos sítios ou sugerir fazer determinadas coisas. “Vai esperar, c******” ou “Tu não me esperes, f******” podem muito bem passar para a categoria de calão, e ter de se passar a escrever “vai e****** mas é a tua mãe, ó p******”.
Eu não me importo nada de esperar. Por exemplo, fui capaz de esperar alguns anos para que a série “Guerra dos Tronos” terminasse, só para depois começar a ver sem ter de esperar uma semana por mais um episódio ou vários anos por mais uma temporada.
Neste mundo voraz da digitalização e desmaterialização, não posso deixar de louvar o homem que processou os pais por estes terem deitado fora a sua colecção de 12 caixas de pornografia. Manter uma dúzia de caixotes cheios de revistas e DVD’s da especialidade em 2019 é um notável esforço de coleccionismo. Este homem está para a indústria do entretenimento badalhoco como os hipsters estão para o café caseiro e as máquinas de escrever. A facilidade de acesso aos mundos digitais faz-nos esquecer as alegrias proporcionadas a tanta gente pelas saudosas edições da Weekend Sex, da Big Boobs College Girls ou pelos êxitos dos videoclubes como Fim de Semana Lusitano ou Branca de Neve e os Sete Matulões. Ouvi dizer.