Qualquer semelhança entre o título deste texto e um qualquer quadro comunitário de apoio ao desenvolvimento será pura coincidência. Não que algumas pessoas e empresas do interior não tenham beneficiado do dito. O “crescimento inteligente, sustentável e inclusivo” é que terá sido muito reduzido por aqui. Parece-me. Embora no interior haja gente muito inteligente, inteligente e medianamente inteligente, isso, por si só, não significará que tenha havido o desejado crescimento. Mas, lembrando o ditado “a necessidade aguça o engenho”, haverá neste título tanto de possível como de embalo. As possibilidades de um novo ano e o embalo da aliteração, entenda-se. Ou a combinação dos dois, se preferirem. Aproveitando o ritmo poderíamos só ter 20 nas pautas, 20 nos desafios e, porque o 20 pode ser o máximo sem ser o mais pesado, 20 também nos encargos. Assim acontecesse neste interior que todos os alunos aqui quereriam estudar, todos os atletas competir e todas as famílias viver. Cobiçado por todos os estudantes, atletas e famílias, o IPG e o IPCB caberiam na UBI, os agricultores desistiriam de querer criar gado onde não há pasto e os empresários frequentariam tantas formações como os professores. Os estudantes haveriam de encher as bibliotecas, os atletas os estádios e as famílias os jardins.
Como “onde há gente, há negócio”, os empreendedores aproveitariam da multidão e os empresários da mão de obra qualificada. Depois, por brio ou por ambição, ninguém por aqui se contentaria em replicar casos que em nada se nos ajustam. Os muito inteligentes haveriam de contornar as diretivas centralistas e todos os outros haveriam de aprender com eles. Os inteligentes haveriam de aproveitar todas as possibilidades das “flexibilizações”, “exceções” e “discriminações” para inovar, em vez de delas tirar proveito individual. Os medianamente inteligentes haveriam de se socorrer dos académicos para traçar um plano de futuro. Não germinariam escolas profissionais ad hoc, por incapacidade das do ensino regular em incluir, nem existiriam planos formativos, sem plexo ou nexo, só porque vão sobrando uns professores, uns formadores e uns programas fora de prazo. Haveríamos de aprender a promover todas as sensações de percorrer a “excomungada” estrada Pinhel/Figueira de Castelo Rodrigo num dia de Outono ou de Primavera. Saberíamos defender o sabor de um verdadeiro queijo da serra, feito antes das maias florirem e apenas de leite de ovelha bordaleira.
Como ninguém nasce ensinado e o valor económico de qualquer uma das nossas potenciais e exclusivas experiências também se aprende, deveríamos começar pelas nossas escolas e instituições de ensino. Os sítios onde se ensina, ou deveria ensinar, o que pretendemos que alguém saiba quando temos o tal plano de desenvolvimento para uma região. Se é nisto que pensa quem defende a municipalização do ensino e a sua crescente autonomia, então estará a pensar bem e, para a década que o novo ano inicia, sempre poderemos esperar melhor inteligência, mais sustentabilidade e efetiva inclusão neste nosso interior.