Na reunião informal dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia em Bruxelas, há semana e meia, para além de falarem da possibilidade de António Costa ser o próximo presidente do Conselho Europeu, foi a necessidade de imigrantes para animar a economia que esteve em cima mesa.
Segundo Luís Montenegro relatou à saída, a conversa versou «a necessidade de uma agenda de transformação económica assente na dinamização do mercado interno e no reforço da competitividade das PME europeias». Daí a preocupação «com a regulação dos fluxos migratórios e a necessidade de garantir dignidade a todos aqueles que procuram uma oportunidade no espaço europeu».
Em Portugal, pelos mesmos dias, o ministro Adjunto e da Coesão, Castro Almeida, anunciou que o Governo tem o objetivo de acelerar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para «atingir 40% de execução do PRR até ao final do ano». O problema, acrescentou Castro Almeida, é que, em «algumas zonas, há o risco de poder haver dificuldades em encontrar capacidade de executar tanta obra».
Falta mão de obra em Portugal. Sem imigrantes, Portugal não conseguirá executar os milhares de milhões de euros do PRR que Bruxelas pôs à sua disposição para investir. Isto implica, não só políticas nacionais para atrair imigrantes de forma regular, como políticas locais que tornem cada concelho e cada cidade competitivos, não só para atrair investimento, mas para acolherem novas empresas e moradores.
Autarcas há, como Paulo Fernandes, no Fundão, que percebem isto e criaram infraestruturas e dinâmicas que atraem novos moradores, formam-nos e integram-nos, criando massa crítica para que empresas dos mais variados setores se instalem no concelho. Aliás, terminou no último sábado no Fundão a Academia Mais Integração, a primeira formação específica no país sobre migrações para quadros da administração pública, local e central, e da sociedade civil com o objetivo de capacitar estes profissionais e fomentar o seu trabalho em rede.
E na Guarda?
Na Guarda comemoram-se os santos populares! O presidente da Câmara, em vez de se dedicar a atrair empresas e a preparar estruturas para acolher imigrantes, em vez de frequentar Lisboa e conseguir fundos e quadros, gasta mundos e fundos em festas e romarias! É a política de pão e circo. Depois do Santo Amaro de Ribamondego, a Guarda tem agora o seu São Sérgio da Régua.
Tristes anos, estes. Em lugar de aproveitar oportunidades de desenvolvimento, o concelho vive em permanente folia pimba com cheirinho a sacristia.
* Presidente do Conselho Distrital da SEDES Guarda