Este é o período preferido da generalidade dos portugueses, tempo de férias, de idas a banhos, de lazer e viagens. É o período de “carregar” baterias para o resto do ano, de festas e arraiais, de conviver e rever amigos e familiares. É o mês em que os emigrantes regressam às suas terras e enchem as aldeias vazias no resto do ano. É o tempo de viver e dar vida à região.
O turismo passou a ser o elixir da nossa vida económica e a atividade mais relevante da economia portuguesa e, mesmo quando parece que tudo vai mal, são cada vez mais os estrangeiros que visitam o país fazendo crescer as receitas (exportação).
Portugal está na moda e os estrangeiros chegam de todo o lado. Lisboa e o Algarve estão cheios de turistas. O litoral também. O interior continua a passar ao lado dessa enchente, mas, ainda assim, entre estrangeiros e nacionais, há uma grande expetativa de crescimento de visitantes às cidades e vilas do interior. Por isso, temos de aproveitar todas as dinâmicas, iniciativas, eventos ou razões para atrair mais pessoas que possam contribuir para o desenvolvimento socioeconómico da região.
A Guarda recuperou as festas da cidade, mas tem de ser mais ambiciosa, tem de ter um grande evento, com pelo menos dez dias de animação, de atividade social, cultural e económica, que ocupe parte do mês de agosto e seja referencia nacional (como ocorre com a feira de S. Mateus). Tem de promover um evento aglutinador, que integre e agregue todas as festas “temáticas” que este verão a Câmara da Guarda promove e se afirme como o maior evento regional. A força de uma cidade também passa pela capacidade de liderar no lazer, na cultura e na vida social – a capitalidade da Guarda também passa por ter as maiores festas da região, por ser inequivocamente a cidade líder do distrito.
A Volta a Portugal em bicicleta regressou por estes dias à região. O ciclismo é a atividade dos territórios por excelência. Viaja pelas estradas do Portugal profundo, sobe as encostas agrestes das nossas serras, percorre as planícies profundas do Alentejo, visita as nossas aldeias e vilas, leva colorido e animação a todo o país.
A Guarda esteve fora da Volta durante anos. Hoje é a cidade de referência da Volta.
É um grande esforço que a cidade faz para estar no centro da vida da mais importante prova velocipédica nacional (o patrocínio assumido pela Câmara Municipal). De 2019 a 2021 custou 300 mil euros. O atual contrato com a organização da prova, por quatro anos, implica o pagamento de 400 mil euros. Mas é um investimento, não um custo, que deve continuar: a Guarda tem de estar sempre no centro da Volta – o dia de “descanso” devia ser sempre na cidade, ainda que isso saia caro, porque esse é o maior dia das bicicletas em Portugal, o dia em que milhares de amadores e amantes do ciclismo se juntam para pedalar pelo prazer de andar em duas rodas (e esse dia, 16 de agosto, encheu a Guarda de milhares de forasteiros, entre praticantes e acompanhantes).
A irritação que provoca a muitos guardenses o “fecho” do centro da cidade por três dias tem de ser minimizado e compreendido por todos (qualquer cidade ao ter eventos tem de saber conviver com o desagrado de ter ruas cortadas e trânsito condicionado – faz parte…). A capital da Volta tem de ser a Guarda e a Câmara faz bem em continuar a apostar no ciclismo como um suporte relevante na afirmação e promoção da cidade. No próximo ano, o dia de descanso não será na Guarda, é pena. Mas fica o repto para que em edições seguintes isso seja de novo possível. Isso e um grande certame, uma grande feira de Verão, com mostra de atividades económicas, festas populares (com parque de diversões) e espetáculos nas duas primeiras semanas de agosto: ainda que há muito esquecido, antigamente o Dia Santo da Guarda era a 15 de agosto, dia de Nossa Senhora da Assunção da Virgem Maria (representada no Retábulo da Sé), que era a Padroeira da cidade. Fica o desafio: Grandes Festas da Guarda, já em 2024, em honra da sua Padroeira, a 15 de agosto.