Gastrite – Azia ou algo mais?

Escrito por Diogo Carriço

“As causas mais frequentes incluem a infeção por “helicobacter pylori”, uso excessivo de medicamentos anti-inflamatórios não-esteroides (AINE’s), consumo de álcool, café, alimentos gordurosos ou alimentos em condições de má conservação.”

A gastrite é um processo patológico relativamente comum caracterizado pela inflamação do revestimento interno do estômago (mucosa gástrica).
Pode ser aguda, durando dias ou semanas, ou crónica, prolongando-se meses a anos. As causas mais frequentes incluem a infeção por “helicobacter pylori”, uso excessivo de medicamentos anti-inflamatórios não-esteroides (AINE’s), consumo de álcool, café, alimentos gordurosos ou alimentos em condições de má conservação.
Os sintomas principais são a azia (também denominada de pirose) e desconforto abdominal, menos frequentemente podem ocorrer náuseas ou vómitos. As pistas para o diagnóstico são dadas pelos sintomas, mas pode ser recomendável uma endoscopia digestiva alta (exame realizado com vídeo-câmara através da boca) para observar o estômago, verificar se existe algum tumor e fazer estudo histológico (exame ao microscópio das células da mucosa do estômago).
Qual é o tratamento adequado? O tratamento visa reduzir o ácido gástrico, aliviar os sintomas, prevenir ou cicatrizar úlceras (feridas) da mucosa e erradicar a infeção da bactéria “helicobacter pylori” caso exista (bactéria crónica que persiste durante anos no estômago e está associada ao surgimento de cancro gástrico). O tratamento pode incluir medicamentos anti-ácidos, inibidores da secreção de ácido gástrico, protetores da mucosa gástrica e antibióticos. Estes últimos indespensáveis quando é detetada a presença da bactéria.
Gastrites não tratadas e com atividade intensa podem tornar-se erosivas e complicar, originando uma úlcera péptica (uma ferida no revestimento do estômago ou duodeno causada pelo ácido que é secretado pelo estômago). É necessário tratamento farmacológico intensivo com medicamentos inibidores da secreção gástrica (geralmente inibidores da bomba de protões) durante pelo menos um mês para permitir a cicatrização da úlcera. Em casos extremos e não tratados esta ferida ou úlcera pode perfurar a parede do estômago e é necessário tratamento cirúrgico.
Uma dieta saudável é indispensável para uma boa saúde do estômago e restante sistema digestivo, contribuindo para a prevenção de doenças a longo prazo.

* Interno de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar na USF “A Ribeirinha”/ ULS Guarda

NR: A rubrica “ABC Médico” é da responsabilidade do grupo de Internato Médico da ULS da Guarda e pretende aumentar a literacia em saúde na área do distrito da Guarda. O objetivo desta coluna mensal é capacitar a comunidade a fazer parte integrante do seu processo de saúde/doença, motivando-a para comportamentos de vida saudáveis e decisões adequadas. Para tal, são escolhidos temas pertinentes que serão apresentados por ordem alfabética.

Sobre o autor

Diogo Carriço

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