A pandemia foi confinada e o nível de propagação baixou, mas o risco continua e a diminuição dos cuidados pode deitar por terra todo o esforço feito entre isolamento social, distanciamento físico e a destruição da economia. E em especial o esforço a que foram submetidos aqueles que não pararam, que trabalharam nos hospitais, nos supermercados, na produção e distribuição de produtos de higiene e segurança, na logística (nos correios e na distribuição, que foram o grande negócio em crescimento com o aumento exponencial de compras online), na segurança e na ordem, na informática (com as autarquias a esgotarem o stock de computadores para oferecerem a todas as crianças que ficaram sem escola) e em mais meia-dúzia de setores que não pararam por necessidade e falta de escolha.
Há casos de sucesso no combate ao novo coronavírus como a República Checa, a Dinamarca, a Noruega ou a Finlândia. Ou mesmo a Grécia, tão vergastada pela troika e falta de solidariedade europeia durante 10 anos, que registou (até ao momento que escrevo estas linhas) 14 mortos por cada milhão de habitantes – Portugal teve até agora 102 óbitos por cada milhão de habitantes. Ou o caso de sucesso da Nova Zelândia que, rodeada de água (duas grandes ilhas), não teve dificuldade em encerrar-se sobre si mesma e eliminar a possibilidade de contágios. Também os Açores e Madeira seguiram esse caminho com sucesso.
Em contraste com estas opções, na Suécia não se baniram os apertos de mão nem houve cantorias nas varandas, mas com uma população, similar a Portugal, com menos densidade populacional, registou 2.769 mortes, uma taxa de mortalidade elevada, enquanto esperam atingir a imunidade de grupo. Desta vez, a Suécia foi um mau exemplo para o mundo. E há os nossos vizinhos espanhóis que, dizem os seus governantes, geriram «bem» a resposta ao Covid-19 com 540 mortes por cada milhão de habitantes ou a “abandonada” Itália com 478. E há ainda o caso extremo da Bélgica com 784 óbitos – o país com maior taxa de falecimentos por Covid-19.
A 5 de março escrevi aqui que devíamos fechar as fronteiras, mensagem que repeti outras vezes, para impedir a importação de contágios. Fui censurado por isso. Nas caixas de comentários das redes sociais e de Ointerior.pt, entre outros mimos, fui apelidado de «Luís Le Penn» e «analfabeto, não sabe o que é Schengen…».
Hoje todos sabemos que o controlo da pandemia se fez pelo encerramento, pelo cerco sanitário, pela reposição de fronteiras. E recordamos que os primeiros casos de contágio na região tiveram origem no contacto com emigrantes regressados de França. Talvez pudéssemos ter poupado algumas vítimas se tivéssemos encerrado as fronteiras mais cedo. O cientista Fernando Carvalho Rodrigues, em declarações a este jornal, a 12 de março, foi muito claro: «Em Espanha vai ser uma hecatombe e a nossa região está na linha da frente porque temos uma fonteira onde entra tudo». Demorámos a reagir. E foi só através desse isolamento que evitámos mais contágios e mais mortes.
«Vai ficar tudo bem», era a afirmação reiteradamente repetida entre janelas e redes sociais, entre vozes mais avisadas e adolescentes otimistas, dois meses depois «estamos bem»? «Estamos vivos…»! Mas a nossa economia foi destruída e a promessa de apoios tarda em chegar – por exemplo, o Governo comprometeu-se em adquirir serviços em 15 milhões de euros à comunicação social, sete por cento à imprensa (para a imprensa regional uns tostões…) que até agora ainda não vimos, nem sabemos se iremos receber. Em dois meses de crise, de encerramento da economia, mantivemos o nosso trabalho informativo diário, no jornal semanário e no digital, como poucos, e só contámos consigo, caro leitor. E com a colaboração comercial dos nossos clientes, os que continuam a pugnar contra ventos e marés, os que acreditam que «vai ficar tudo bem» mesmo quando a terra lhes foge debaixo dos pés, os que continuaram a trabalhar, mesmo quando tudo estava parado e agora acreditam que gradualmente tudo se normalize. Também com algumas autarquias, que sabendo qual é a sua missão e responsabilidade na comunidade, perceberam que também têm de apoiar as empresas da região, pois só assim apoiam as pessoas, e também apoiam a imprensa pela sua relevância cultural, cívica e democrática. Por isso, não podemos deixar de enaltecer e aplaudir as Câmara Municipais de Fornos de Algodres, Guarda, Manteigas, Pinhel e Trancoso que neste período difícil, publicitando as suas medidas, mantiveram o seu compromisso com a imprensa regional, com a democracia e com o futuro da região.
Estamos bem??
Não podemos deixar de enaltecer e aplaudir as Câmara Municipais de Fornos de Algodres, Guarda, Manteigas, Pinhel e Trancoso que neste período difícil, publicitando as suas medidas, mantiveram o seu compromisso com a imprensa regional, com a democracia e com o futuro da região.