O tipo mais urbano que tenho visto nos debates políticos, não me vinculando de todo à sua visão do mundo e análise dos problemas, é um simpático, contido, civilizado e educado Paulo Raimundo. Depois dou igualdade ao Rui Tavares e ao Rui Rocha. Seguem-se os outros!
A urbanidade é um princípio de sã convivência, de recato no trato, de elegância na postura. Paulo Raimundo até parece atrapalhar-se na petulância alheia, fica surpreso com a intempestividade demagoga dos restantes. Este é um contínuo que chega da bonomia de Carlos Carvalhas e Jerónimo de Sousa, que raramente levantavam a voz e gesticulavam pouco. Este PCP não corresponde à ferocidade da tomada de poder por Vasco Gonçalves e os camaradas do PREC. Aquele PCP que lançou nas ruas o Movimento da Juventude Trabalhadora e sustentou o COPCON não é o destes líderes que referi. Não conheço a organização por dentro, mas os do “Verão Quente” não estão ali representados. Paulo Raimundo é um homem pouco eloquente, um conservador no estilo e na forma, sem habilidade discursiva, sem o brilho das televisões. A realidade mágica das redes sociais, das televisões, dos podcasts, ultrapassou o estilo agradável e familiar que nos trazem. A dimensão do espetáculo, a presença do ator e um discurso mais liberto e espontâneo, humorado, corrosivo seriam necessários. Quer João Oliveira, quer João Ferreira teriam estas características. Não sei se não estamos na proximidade de um PCP sem representação parlamentar, mas não seria bom para a democracia.
E se a urbanidade perde?
“A urbanidade é um princípio de sã convivência, de recato no trato, de elegância na postura. “