Manuela Moura Gudes provou, há uns dias atrás, que é uma “boca grande”. Assim mesmo, entre aspas, para remeter para a sabedoria popular que, quando utiliza a expressão, o faz para se referir a alguém que não sabe estar calado, que fala de tudo e de nada cuidando estar a prestar um grande serviço à comunidade. Para estes casos tem a sabedoria popular resposta na ponta da língua que pode passar por um “a palavras loucas, orelhas moucas” ou por um “pobre de quem as ouve, quem as diz fica aliviado”.
Vem isto a propósito dos comentários que produziu num programa televisivo do qual é comentadora residente. Entre outras pérolas, produziu uma que, apesar de tudo, consegue superar todas as outras. Pois, dizia a comentadora (ou comentadeira?…) que nisto da questão dos professores, toda a gente fala deles, mas ninguém fala dos alunos e que os primeiros não existiriam sem os segundos. Como se vê uma excelente argumentação para quem tem décadas de profissão nisto da comunicação… Uma “grande boca”, portanto!!!… Em sentido figurado, já se vê…
Ora, se recorrermos a uma analogia, e para seguir à risca a sua linha de raciocínio, então poderíamos muito bem afirmar que jornalistas e comentadores só existem porque têm leitores, ouvintes e telespetadores que gastam o seu tempo para os lerem, ouvirem e verem.
Claro que, usando a mesma linha argumentativa, sempre poderíamos dizer que a senhora jornalista/ comentadora não o seria se não fossem os professores que teve ao longo da vida. Será assim?…
Acredito, aliás, que os professores que ao longo da vida teve a tenham ensinado a saber (procurando o Saber) e a saber ser. Parece, todavia, que o esqueceu, o que não abona nada em favor da memória da senhora…
De facto, se há alguma coisa que possa ser retida daquela verborreia contra a classe docente, essa é a conclusão de que a ignorância da senhora, afinal, consegue ser maior que a própria boca, aqui sem aspas e no sentido objetivo da linguagem…
Bem se sabe que não é tarefa fácil…
P.S.: À hora a que escrevo já o Benfica foi campeão e, como vem sendo da praxe, estas e muitas outras situações foram já remetidas para uma memória longínqua como se tivessem acontecido num tempo distante e obscuro…