Quando iniciámos a campanha para as eleições legislativas de março, orientámos a nossa futura ação segundo três eixos:
Cuidar de quem está,
Fixar população e
Atrair gente nova para a região
O distrito da Guarda, aliás como todo o interior de Portugal, vive a realidade do despovoamento, vendo partir as novas gerações, não só para o litoral como para o estrangeiro. Desta forma, além de reduzida população, assistimos também ao envelhecimento da mesma. Que fazer para contrariar este facto?
Quando olhamos para o território nacional apercebemo-nos que cerca de 80% da população vive numa faixa litoral de 100 quilómetros. Porque será?
Nessa faixa encontramos as indústrias mais atrativas, as infraestruturas mais modernas, mais escolas, mais hospitais, mais, mais, mais, ao contrário do interior onde só encontramos menos, menos, menos…
O ambiente social é um ecossistema onde tem de existir população com emprego, habitação, qualidade de vida, educação, saúde, ou seja, segurança e bem-estar. Vejamos o ecossistema social do distrito. Os residentes têm, na sua grande maioria, habitação, qualidade de vida e sentem-se seguros. No entanto, veem dificuldade no acesso à saúde, emprego instável e, quem é mais velho, tem pensões de reforma de miséria. Assim, há que agir no sentido de garantir melhores condições nessas áreas. Estaremos a cuidar de quem está. Não podemos permitir mais encerramentos de serviços de saúde e temos de criar condições para que novos equipamentos (públicos, privados ou sociais) aqui sejam instalados. Há que aumentar as pensões de velhice e de reforma, num esforço coordenado para todo o país. Há que incentivar o envelhecimento ativo e o reconhecimento de cuidadores formais. No apoio social há que garantir a existência de equipamentos e pessoas preparadas para cuidar dos mais velhos.
Enquanto cuidamos de quem está, temos de incentivar a criação de medidas para fixar a restante população. A existência de emprego estável só é possível se houver capacidade de atração de novas empresas e indústrias. O distrito da Guarda tem três áreas distintas, a serra, a raia e a região duriense. É obrigatório olhar para essa realidade e atuar em conformidade. A agricultura, produção florestal e pecuária, a que se ligam as tradições, o turismo e indústria subsequente. É obrigatório permitir o acesso à água das nossas barragens. Deve-se apostar na fileira local e certificá-la, dos produtos láteos aos vinhos, da tourada raiana à produção da amêndoa, num investimento coordenado para fixar novos e velhos. Isso consegue-se com discriminação positiva, com incentivos fiscais para os residentes, para as empresas e, até, para o aquecimento das casas.
Ao fixar criamos condições para atrair nova população. Há que acrescentar a educação. Um Politécnico (porque não no caminho de criação de uma Universidade?) ligado à sociedade civil. Repor, também, os contratos de associação com escolas do setor privado, social ou cooperativo.
É um trabalho hercúleo que não se resolve numa legislatura, mas tem de ser iniciado. Podem contar connosco para essa luta. Pelo menos, contem comigo!
* Deputado do Chega na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda