“Rendam-se aqui” — dizem alguns com os olhos doces
Estendendo os braços, e seguros
De que seria bom que os ouvissem
Quando dizem: “rendam-se aqui!”
Eu leio-os com olhos lassos,
(Há, nos ecrãs meus, ironias e cansaços).
Não cruzam os braços,
E nunca se rendem ali…
A russa glória é esta:
Criar desumanidades!
Não respeitar ninguém.
— Que eles matam com o mesmo à-vontade
Com que violariam a senhora sua mãe.
Não, não se rendem ali! Só vão por onde
Os levam seus próprios passos…
Se ao que buscam viver nenhum de vós responde
Por que lhes repetis: “rendam-se aqui!”?
Preferem tiritar nos becos friorentos,
Destruir drones aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A renderem-se ali…
Se estão no mundo, foi
Só para plantar girassóis virgens,
E cultivar seus próprios grãos na terra inexplorada!
O que lhes dizem não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que lhes dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para se aquietarem perante os obstáculos?…
Corre, nas suas veias, sangue cossaco dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eles amam a Esperança e a Coragem,
Mesmo ante abismos, torrentes, desertos…
Vide! Havia estradas,
Havia jardins, havia canteiros,
E há uma pátria, e tinha tetos,
E têm regras, e tratados, e filósofos, e sábios…
Da rússia caminha a Loucura!
Olhando drones, como um facho, a arder na noite escura,
Sentem espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
Deus e o Diabo é que guiam tanques nos combates!
Todos tiveram mísseis, todos fizeram ataques;
Mas o medo que sentis porque tendes rabo
Nasceu do amor que há entre Putin e o Diabo.
Ah, que ninguém lhes dê piedosas intenções,
Ou um cessar-fogo com condições!
Ninguém lhes diga: “rendam-se aqui”!
A sua vida é um vendaval que se soltou,
É um orgulho que se alevantou,
É um Átila a mais que os violou…
Não sei por onde atacou,
Não sei para onde disparou,
Sei que não se rendem ali!
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia