Cartografia celeste

Escrito por António Costa

“Atualmente, o céu é varrido por poderosos satélites com sensores de diferentes espectros de radiação capazes de chegar até às fronteiras do Universo que permitem melhorar o conhecimento dos astros que dele fazem parte.”

A descoberta dos diversos astros que existem no Universo foi-se fazendo ao longo dos milhares de anos com base nas observações e investigações de centenas de homens e mulheres que dirigiam a sua atenção para o firmamento e procuraram encontrar explicações para os fenómenos observados.
A capacidade de representar factos e objetos distinguiu o Homem dos restantes animais. Já na Idade do Bronze esta capacidade iria tornar-se evidente em alguns desenhos astronómicos que incluiam imagens da Lua, do Sol e das estrelas. Um pouco mais próximas na história, as outras referências cosmográficas pré-científicas provêm dos gregos, como se depreende da descrição do escudo de Aquiles na “Ilíada”. A descrição começa com a Terra, a Lua, o Sol e as constelações gravadas no centro. No século II, a hipótese geocêntrica de Ptolomeu (século I-II d.C.) foi desenvolvida no seu célebre “Almagesto”, que continha o catálogo estelar mais completo da Antiguidade. O seu uso estendeu-se até à Idade Média. Neste periodo apareceram algumas tabelas que continham as posições dos corpos celestes, como as Afonsinas e as Andaluzas, que remontam do século XIII. Em finais do século XVIII, o astrónomo francês Charles Messier elaborou uma lista de 110 objectos astronómicos e classificou-os segundo a sua posição sem ter em conta quão diferentes eram entre si. A sua influência chegou até ao astrónomo alemão William Herschel, que, ao ver quão limitado era o “Catálogo” de Messier, decidiu realizar outro. Concebeu um método de contagem de estrelas em determinadas áreas do céu e descobriu 2.514 objetcos astronómicos novos. Atualmente, o céu é varrido por poderosos satélites com sensores de diferentes espectros de radiação capazes de chegar até às fronteiras do Universo que permitem melhorar o conhecimento dos astros que dele fazem parte. Um exemplo desta regular atualização do conhecimento do Universo foi a descoberta, em 2003, da galáxia Anã Cão Maior. Trata-se de uma pequena formação galáctica situada na direção da constelação do Cão Maior e apresenta uma configuração irregular, embora tenda a aproximar-se de uma forma elíptica. É a mais próxima da Via Láctea estando localizada a aproximadamente 25.000 anos-luz de distância da Terra e a 42.000 anos-luz do centro da Via Láctea.
Apesar da sua proximidade, a Anã do Cão Maior só foi identificada por meio de observações na faixa de radiação do infravermelho. Esta identificação tardia deve-se ao facto da galáxia estar posicionada atrás do disco da Via Láctea, impossibilitando a sua detecção na faixa da luz visível.

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António Costa

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