O novo normal vem cheio de excelentes oportunidades. Em 2020, um comediante pode ser genial incentivando atores a mostrar o rabo no Instagram. Algo que todos já fazíamos, em 1996, em qualquer visita de estudo, no vidro traseiro do autocarro. A diferença é que na altura éramos só uns anormais sem educação. Causadores de indignação ao nível da nomeação de mais um forasteiro para o CA da ULS da Guarda. Uma Barrancada.
A penosa e prolongada falta de oftalmologistas na Guarda estará intimamente ligada à incapacidade de discernir qual a melhor forma de ser notícia nacional sem envolver o hospital. No imediato, ter uma estatuária municipal imaculada contribui para este alheamento. No caso de alteração deste cenário, temo por D. Sancho I. Alguém que teve a ousadia de torturar pessoas, por ter criado uma cidade com dias de Inverno em junho, é capaz de ter pior sorte do que apenas continuar com os ataques noturnos de bexigas ansiosas. Já a imponente Mão do Rio Diz, símbolo máximo de uma certa forma de “desenvolvimento”, pode muito bem ser publicitada junto dos Antifas!
Por aqui, já estamos acostumados a ver passar o comboio. Perder um Intercidades não é drama, é rotina. Desde o tempo da negociação do aeroporto do Alto do Leomil e da supressão das portagens nas ex-SCUT’s que sabíamos que teríamos de pagar uma contrapartida. Não vale a pena agora questionar o porquê. O investimento público e privado muito raramente encarrilam por aqui. A locomotiva do progresso, de tão confiante, descarrilou. E a da rotunda nem chegou.
A falta de acuidade visual é gritante, mas no mercado do cebolo quem distribui máscaras é o Rei. Sem garantias de que terá as chaves para guiar o carro para lá de 2021, as tentativas de atropelamento tornam o espectro de poder um verdadeiro lodo. As relações dos políticos das tendas em altitude estão ao nível da gestão das árvores da cidade. Para abater. Escolhe-se o alvo, alguém a quem agradar e a melhor motosserra. Não teremos de ter a mestria do Bruxo de Fafe para perceber que, a prazo, perdemos todos. Mas desde que alguém consiga sair da sombra e ganhar o lugar ao sol, vale quase tudo.
Pelo meio, o marketing das campanhas de promoção do concelho, que são uma espécie de aposta em homeopatia turística que tudo branqueia. Agora já era tempo de fazer o balanço da campanha “Guarda-me”. Já será a hora de perceber se o movimento por este interior tinha sido de facto apanhado pelo radar.
Novos habitantes não temos e os que ficam continuam a pagar um elevado IMI e a não receber qualquer valor do seu IRS, retido pelo município. Tudo pelo equilíbrio das contas municipais, que depois de retirado o filme “E tudo as Águas de Portugal Levaram” deverá ter direito a um arco-íris com um “Vai Ficar Tudo Bem”… se a visão cor de rosa do município for realidade.
Agora já é o tempo da Câmara Municipal da Guarda deixar de fazer publicidade às pessoas da Guarda para visitarem… a Guarda. Eu também não pago publicidade para que os miúdos escolham comer aqui em casa. Mas garanto-vos que quanto maior o tempo de confinamento no quarto, mais rapidamente aparecem aqui na cozinha!