Numa cidade à deriva – sem estratégia, sem um programa de atração de empresas inovadoras para o seu território, sem potenciar a articulação do seu Politécnico com a sociedade, sem uma política cultural, sem um plano de habitação acessível para as classes médias, etc. – o presidente da Câmara da Guarda mandou distribuir recentemente os prospetos da “Guarda – Agenda 2040”.
Perante a sua própria falta de visão estratégica, perante a sua incapacidade de construir o que quer que seja com os partidos políticos da oposição, perante a sua incompetência para articular parcerias com atores sociais, com o tecido económico ou com agentes de ciência ou de cultura do concelho, Sérgio Costa, decorridos quase três anos de mandato, pergunta às pessoas “o que é que querem?” para daqui a 16 anos.
Seria ridículo, se não fosse trágico. A Guarda está parada. A desqualificar-se e a divergir das outras cidades capitais de distrito com que se compara – para além de outras cidades médias como o Fundão, que se distanciam cada vez mais em termos de desenvolvimento e de inovação social. Perante isto, o autarca da Guarda, em vez de concretizar qualquer coisa do que prometeu no seu Programa Eleitoral, ou de lançar seja que projeto for, pergunta às pessoas “o que é que querem?” em 2040.
É preciso recordar que este é o presidente da Câmara que recusou 800 mil euros da Direção-Geral das Artes para o Teatro Municipal da Guarda, por não concordar com a programação que mereceu esse subsídio. O júri nacional atribuiu à candidatura do TMG o escalão máximo de apoio, mas Sérgio Costa fez com que o teatro tivesse sido o único concorrente de todo o país que não assinou contrato. Substituiu uma política de apoio à cultura e às artes por uma política de organização de eventos.
E que eventos… o provincianismo no seu maior esplendor! Quando as outras cidades publicitam na agenda da rádio Antena 1 os seus eventos de cultura, a Câmara da Guarda publicita o mercado quinzenal da cidade. Os exemplos são inúmeros…
Se é evidente o retrocesso que a liderança de Sérgio Costa está a significar para a cidade e para o concelho (e para a região), isso não lhe retira a legitimidade que os votos, em 2021, lhe derem para governar. Em qualquer altura, mas por maioria de razão na semana do 25 de Abril, isso não está em causa.
Os cidadãos da Guarda pedem apenas que o presidente não os tome por parvos. E que não lhes peça, para disfarçar o seu próprio vazio, ideias para daqui a década e meia… quando ele já não estiver na Câmara.
* Presidente do Conselho Distrital da SEDES Guarda