Adequar

Escrito por Diogo Cabrita

«O povo sereno percebe que há milhares de pessoas esquivas, invisíveis, indigentes que recebem casas, subsídios, apoios sociais, sem pelo menos serem obrigados a cuidar daquilo que auferem da coleta pública»

A felicidade de ter trabalho perde-se na voragem das despesas cada dia mais arrogantes, mais ilusionistas, mais descaradas. Os impostos diretos, indiretos, cognominados de taxas, acrescidos de coimas exorbitantes, multas para quase tudo, fiscalidade agressiva, conduzem à revolta, ao trem do desinteresse, do carril dos votos extremos e definitivos. Um Estado enorme é como alimentar um elefante e viver num casebre. Ama-se o elefante até se ter fome, mas depois, come-se o elefante quer ele fosse sombra, fosse amigo, fosse trabalho. Um Estado que aumenta o salário mínimo até revoltar os que apenas recebiam mais 10 por cento desse valor, condena-se a um nivelamento por baixo que reduz o empenhamento e a dedicação. O povo sereno percebe que há milhares de pessoas esquivas, invisíveis, indigentes que recebem casas, subsídios, apoios sociais, sem pelo menos serem obrigados a cuidar daquilo que auferem da coleta pública. Há milhares de portugueses no Estado que auferem salário a troco de nenhuma função. Os pavões, as cigarras, pavoneiam-se sem cumprir tarefas. Os que vão cansados para casa desesperam da falta de exigência e da liberalidade com que tratam outros. Não se trata de preguiça – estamos a falar de má liderança, de chefes que não cumprem a sua missão de coerência e equidade. As tarefas devem estar desenhadas e os horários devem cumprir a função dos lençóis. Desenhada a missão e encontrada a metodologia e as funções a desempenhar, forma-se o pessoal, adequam-se os horários e preenche-se a estratégia com os recursos adequados. Isto não pode estar sempre a mudar e não pode haver uma missão maior que um cobertor. Não pode ficar a tarefa ao sabor da boa vontade, nem sob o jugo dos tiranetes.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

Leave a Reply