A morte vem com o frio e com o calor. A morte chega com vírus e com bactérias, também com gente, com doença, com descuido, com falta de senso. A morte é fome. A morte é sede. Ela é democrática e transversal. Não escolhe altura, densidade, consistência, e leva tudo e todos. A morte é justa. Ponto. Vem como surpresa, ou escolhe um processo morrente e demorado. Na verdade, desde que nascemos que começamos a morrer também.
A morte é a festa final do sofrimento. Acabar uma tortura, fechar uma amargura, encetar uma fé. Tudo é final. Fim. Por vezes rompe um sossego ou destrói uma paz. Morre quem gosto e quem detesto. Não há escolha! Vamos todos, uns atrás dos outros. Partir e não voltar.
Agora com esta onda de calor findam muitos ao mesmo tempo. O calor acumula-se no corpo e não sai. Os líquidos acumulam-se nos tecidos. A inflamação é uma potência do calor. O excesso de açúcar ajuda à fermentação.
Os micróbios crescem nestes edemas, os desequilíbrios acentuam-se com a vasodilatação. Jazem muitos neste micro-ondas.
O calor associado à falta de boas casas, falta de ar condicionado, alto preço da luz, medicação que não se compra mais… O jazz de fenecer é assim e toca-se desde junho. Aborrecido é morrerem os que se protegeram também.
A morte
“A morte é a festa final do sofrimento. Acabar uma tortura, fechar uma amargura, encetar uma fé. Tudo é final. Fim. Por vezes rompe um sossego ou destrói uma paz. Morre quem gosto e quem detesto. Não há escolha! Vamos todos, uns atrás dos outros. Partir e não voltar.”