Lutar por fazer bem, de modo agradável, sem atrito, com exigência estética é um objetivo ambicioso. A construção de uma casa deve ser segura, tal como deve ter dimensões agradáveis e sobretudo tem de encher os olhos. Móveis dispostos de modo harmónico, com cores que se interligam, com espaços de movimento. A escolha de materiais é importante. Ter um chão que nos isola o apartamento dos ruídos de baixo. Um teto falso com boas luzes e insonorização, janelas de duplo vidro, basculantes. Todos os detalhes trazem qualidade, mas depois é preciso que tenham “blush” e baton. Um lugar onde passamos horas não deve estar desarrumado, demasiado cheio, com desconforto. Ali passamos horas intermináveis e por essa razão a sua beleza, o seu ajustamento aos nossos sonhos é importante. A qualidade dos espaços onde trabalhamos, e onde vivemos, são os mais importantes por consumirem mais de 60% dos nossos dias. O pó é uma praga que invade todos os lugares. Para o evitar mais vale luzes embutidas que candeeiro ou abajur. Para uma estética perfeita numa casa deve haver algumas plantas. O verde, a natureza, transporta dimensão. Eu aprecio livros, discos e aparelhagens arrumadas onde se utilizam. O belo demora o mesmo do feio a construir. A estética é “utilizador dependente” e há muitas. Há azeiteiros que tem um kitsch interessante. Há ricos que são uns burgessos. Mas podemos ouvir opiniões porque o gosto discute-se, a construção estética educa-se. Para mim, é essencial o lado belo dos lugares, a força da estética coerente.