Habitualmente vivemos numa constante azáfama, devido à multiplicidade de tarefas e de compromissos inerentes aos diversos papéis que desempenhamos em momentos e circunstâncias diferentes.
Muitas pessoas chegam à minha consulta com queixas de stress, ansiedade e cansaço extremo. Descrevem um dia-a-dia cheio de rotinas, trabalho intenso, responsabilidade, tarefas escolares ou domésticas, vários papéis enquanto pais/mães, estudantes/empregados, maridos/esposas.
Em todos esses papéis é-nos exigida responsabilidade, eficiência e prontidão. E não queremos falhar, embora sintamos, muitas vezes, que estamos em “piloto automático”, tal é o frenesim do quotidiano. E ouvimos e dizemos tantas vezes: “estou exausto(a)”; “é preciso desligar desta correria”; “já não aguento mais”. É aqui que temos de parar e repensar se estamos a contribuir para despoletar fatores desencadeadores de ansiedade, stress, fadiga psicológica e/ou física.
Se este registo de funcionamento prevalecer ao longo do tempo, a nossa saúde mental e física irá ressentir-se. O bem-estar psicológico e/ou físico pode, assim, ficar comprometido/afetado e pode dar lugar ao aparecimento de doenças do foro mental e físico. As tão desejadas férias, tornam-se o motivo ideal e a oportunidade certa para se conseguir obter a pausa necessária de responsabilidades, tanto laborais, como escolares como quotidianas. São prova disso os vários estudos científicos realizados cujos resultados apontam para os benéficos das férias: elas são promotoras de efeitos positivos na saúde mental e física e contribuem para o bem-estar geral.
A nível psicológico, os estudos científicos mostram que, de um modo geral, as pessoas que usufruem de um período de férias tendem a ter pensamentos mais construtivos, organizados e tranquilos. As emoções negativas esbatem-se dando lugar a estados emocionais mais felizes, que, por sua vez, são geradores de satisfação pessoal, com os outros e com a vida.
Estes estudos revelam ainda que os estados de stress, ansiedade, irritabilidade e fadiga (entre outros), associados aos estilos de vida onde a sobrecarga de tarefas e a pressão são uma constante (quer no trabalho quer no seio familiar), são atenuados durante a após as férias. A redução destas condições reforça o sistema imunitário e contribui para maior resiliência face aos desafios do dia a dia.
Portanto, ir de férias pode ser uma nova oportunidade para melhorar a nossa saúde mental e física na medida em que é um meio para melhorar a nossa satisfação com a vida, contribuir para melhorar a relação conjugal, ou as relações familiares, estreitando os laços afetivos, pois promovem conexões familiares crescentes e duradouras.
Faça uma pausa e aproveite para “recarregar baterias”. Boas férias!
* Psicóloga clínica no Hospital CUF Viseu
N.R.: Esta secção é uma colaboração mensal do Hospital CUF Viseu, na qual os seus profissionais partilham conselhos e dão dicas sobre saúde.