A Linha da Beira Baixa faz parte do «Corredor Atlântico, que envolve Portugal, Espanha, França e Alemanha e integra o projeto prioritário n.º 8 da Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T), que tem como objetivo contribuir para o reforço da coesão económica e social da Europa, nomeadamente através da ligação das regiões periféricas às regiões centrais da União Europeia», assevera a Infraestruturas de Portugal. Com a conclusão da modernização da Linha da Beira Baixa, e em especial com o fecho de malha e a redundância de rede, que permitirá descongestionar a Linha do Norte e a Linha da Beira Alta, e garantir canais alternativos e mais curtos ao tráfego internacional de mercadorias e também de passageiros.
Mas a forma de resolução da redundância, próxima dos Galegos, com a construção de nova linha (uma curva) com ligação direta entre a linha da Beira Baixa e a linha da Beira Alta, exclui a Estação da Guarda da via internacional da linha da Beira Baixa. Isto é, a Guarda vai ficar a ver passar os comboios internacionais da linha da Beira Baixa diretamente para Vilar Formoso sem pararem na estação da cidade mais alta.
A requalificação e a “concordância das Beiras” foi inicialmente pensada para os comboios de mercadorias – o transporte ferroviário de carga de Lisboa para a Europa passará a ser feito pela Beira Baixa, encurtando em mais de uma hora a viagem comparativamente com a linha da Beira Alta. Como, entretanto, vai avançar a requalificação profunda da linha da Beira Alta entre Pampilhosa e a Guarda obviamente que as ligações ferroviárias internacionais passarão a ser cada vez mais pela Beira Baixa. Primeiro as mercadorias, mas posteriormente também o transporte de passageiros.
A Guarda poderia ter reivindicado a expansão do apeadeiro do Sabugal (no Barracão, às portas da cidade), como estação “B”, para mercadorias e passageiros, mas nem isso foi acautelado, pelo que, os comboios internacionais Lisboa-Entroncamento-Castelo Branco-Covilhã-Vilar Formoso irão excluir a Guarda.
Como contrapartida, a Câmara terá negociado com a Infraestruturas de Portugal a construção da Variante à Sequeira, os respetivos acessos e ainda a construção de três rotundas, a requalificação de parte da Avenida de S. Miguel e uma rotunda e requalificação da Rua da Treija – uma simpatia da Infraestruturas para não receber contestação pela subalternização da Guarda na Ferrovia. As obras foram anunciadas em julho de 2018 por Álvaro Amaro que então afirmou que esse era «um dia que fica marcado para sempre» no desenvolvimento da cidade e que esperava que «nos finais de 2019 possamos ver as retroescavadoras a laborar» numa “revolução” viária – mas as obras só deverão avançar em 2021 depois de concluída a requalificação da linha da Beira Baixa. As intervenções previstas e necessárias (a ligação da Viceg à Sequeira chegará com muitos anos de atraso e o atrofiamento da Avenida de S. Miguel continua, entretanto, a fazer desesperar milhares de utentes sem que a Câmara tenha conseguido solucionar as dificuldades de mobilidade – uma das primeiras obrigações do governo de uma cidade).
Com um atraso de pelo menos dois anos, a “nova” linha internacional da Beira Baixa deixa a Guarda de fora. Talvez ainda não seja tarde para acordar da letargia em que Álvaro Amaro deixou a cidade. É urgente reivindicar uma “Estação B” no Barracão, ou ir apanhar o comboio para Paris à Covilhã ou a Vilar Formoso.