A Economia Social na Guarda

“(…) vários projetos de investimento na área social financiados pelo Estado através do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, no valor de cerca de 3 milhões de euros (PRR e PARES, o maior investimento alguma vez feito nas duas maiores freguesias rurais do concelho, Gonçalo e Maçainhas)”

Na semana passada foram objeto de uma cerimónia de assinatura pública, na vila de Gonçalo, vários projetos de investimento na área social financiados pelo Estado através do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, no valor de cerca de 3 milhões de euros (PRR e PARES, o maior investimento alguma vez feito nas duas maiores freguesias rurais do concelho, Gonçalo e Maçainhas). Outros se seguirão em breve. A cerimónia contou com a presença da senhora ministra do MTSSS, Ana Mendes Godinho. Um evento que não poderia deixar de aqui referir, sublinhando o significado que ele tem para as populações, em geral, mas sobretudo para as populações do interior, das regiões de baixa densidade.
Muitas são as áreas sensíveis nas quais o Estado deve intervir de forma substantiva, além, naturalmente, das funções de soberania. Esta é uma delas, talvez mesmo a mais importante, porque se trata de proteger pessoas em situação de vulnerabilidade social, crianças, pessoas com deficiência, famílias carenciadas e todos aqueles que, tendo trabalhado uma vida, chegam a uma idade avançada e têm direito a prosseguir a sua vida em condições de dignidade e de segurança. Sabemos bem que hoje a maior parte das famílias não dispõe de condições para acolher os familiares mais idosos, como não dispõe de condições para apoiar os que, dependendo delas, estão em particular situação de vulnerabilidade. É uma realidade que todos sabemos que existe pelas mais variadas razões. E por isso só a comunidade pode garantir a satisfação desses imperativos sociais. Se o Estado Social faz todo o sentido, nesta sua área de intervenção faz ainda mais sentido, quando a vida e a dignidade humana são os mais altos valores que devem ser protegidos. E estes são valores que fazem parte do património genético e ideal do PS. Por isso, é com grande satisfação que vejo o Governo avançar nesta frente com inúmeras e significativas iniciativas. Esta é uma delas, celebrada numa zona do país que foi, no ano que passou, tão fustigada pelos incêndios florestais e que está a conhecer desertificação e depressão económica. E, repito, a frente social é, de todas elas, a mais sensível e a que merece a atenção da sensibilidade política, sobretudo quando se assiste ao avanço de forças políticas que não exibem sensibilidade social, mostrando-se indiferentes às necessidades sociais.
Mas permitam-me que, a este propósito, deixe aqui uma nota sobre o comunicado que a Câmara Municipal da Guarda emitiu sobre o evento que ocorreu na passada semana em Gonçalo. É claro que só posso congratular-me com a sensibilidade, nele manifestada, da Câmara em relação à economia social. Sem dúvida. E, todavia, não posso deixar passar em claro o teor geral do comunicado ao atribuir-se exclusivamente os méritos e a iniciativa destes investimentos na economia social, sem uma única menção ao papel do Governo. Esse mesmo que, suportado em Resolução do Conselho de Ministros (83/2022, de 27.09), aprovou este pacote financeiro suplementar para acorrer aos danos e prejuízos nos concelhos do PNSE fustigados pelos incêndios florestais. No centro desta iniciativa não esteve o senhor presidente Sérgio Costa, mas, sim, como é sabido, a senhora ministra Ana Mendes Godinho. Não são necessários encómios, não. Mas também não são aceitáveis comunicações que distorcem gravemente os factos. Não é saudável, nem proveitoso, que se reduza a política à propaganda, sobretudo quando ela desfigura claramente a realidade. E, infelizmente, foi esse o caso.

NOTA. A Rádio Altitude completa no próximo dia 29 de julho a bonita idade de 75 anos, as suas bodas de diamante. Um belo aniversário para a mais antiga das rádios locais do nosso país e uma das pioneiras na Europa. Uma grande e nobre travessia feita ao serviço das gentes da nossa terra com informação de qualidade e, agora, já recorrendo às novas tecnologias para que o acesso possa ser universal, e não só local. Por isso, quero dar os meus parabéns à Rádio Altitude e a todos os que nela colaboram ao longo destes anos e, desejar-lhe um futuro de sucesso com uma informação imparcial, isenta e objetiva. Com isso ganhará a Rádio e ganharemos todos nós. Os meus parabéns, Rádio Altitude.

* Deputado do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda e presidente da concelhia socialista da Guarda

Sobre o autor

António Monteirinho

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