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Beyra Superior Tinto 2019 considerado o melhor vinho da Beira Interior

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Escrito por Jornal O INTERIOR

Sediado na Vermiosa (Figueira de Castelo Rodrigo), o projeto Beyra, do produtor e enólogo Rui Roboredo Madeira, surgiu há cerca de dez anos e privilegia as caraterísticas dos terrenos de altitude para a produção de vinhos identitários

Os 29 premiados da 14ª edição do Concurso de Vinhos da Beira Interior foram divulgados no sábado, num jantar em Pinhel. O Beyra Superior Tinto 2019 foi o grande vencedor da noite, tendo sido considerado o melhor vinho a concurso.

Produzido na Vermiosa, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, onde o solo é essencialmente granítico, o Beyra Superior Tinto 2019, do produtor e enólogo Rui Roboredo Madeira, é resultado de um projeto iniciado há sensivelmente dez anos. Classificada como viticultura em altitude, tem a seu favor o «clima mais fresco, que permite incrementar os teores de acidez, os quais são conseguidos graças às oscilações térmicas entre o dia e a noite. As noites frescas levam a maturações mais lentas e uniformes da uva, potenciando a concentração de aromas e sabores. Durante o dia, a maior radiação devido à proximidade do sol ajuda a fotossíntese, ganhando em termos de cor e com um grau alcoólico adequado», afirma o produtor.

No que toca ao néctar premiado, e se se falar na parte mais técnica, este é um vinho que resultou de uma seleção de uvas em várias parcelas de vinha, das castas Tinta Roriz (Tempranillo), Jaen (Mencia), Touriga Nacional e uma pequena percentagem de vinhas velhas com Rufete/Solos xistosos. Após ser produzido repousou durante 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. Rui Roboredo Madeira considera que os vinhos Beyra «refletem aquilo que é a Beira Interior», mas também uma preocupação com questões ambientais. «Aquilo que tento fazer no meu trabalho e na minha vida é ser o mais sustentável possível. Respeito o meio ambiente, os vinhos são biológicos. Respeito as comunidades, ou seja, as pessoas, e respeito também aquilo que são os recursos naturais que temos. Eu não admito que se gastem 500 litros de água para se irrigar uma videira no Alentejo e isso seja feito na Beira Interior. Toda a gente fala de carros elétricos e depois falam em irrigar videiras, para mim isso é uma incoerência», declara o enólogo.

Aos 60 anos, Rui Roboredo Madeira não tem ambições muito elevadas, deseja apenas «continuar a fazer as coisas todas bem, vender melhor. E há uma coisa muito importante: tentar vender os vinhos da Beira ao melhor preço possível. Ou seja, a Beira Interior não é uma porcaria, é caro porque é bom! E isso eu ainda não consegui, mas em 10 anos eu acredito que consiga». Na sua opinião, os vinhos da região ainda não têm o reconhecimento que merecem, acrescentando que o mercado vinícola é como o do turismo: «Há 20 anos ninguém sabia onde era Portugal e agora já sabem. Há 10 anos ninguém sabia onde era a Beira Interior e agora já sabem. É preciso é trabalhar», considera. O produtor acrescenta ainda que ter bons vinhos é uma ferramenta essencial para valorização da região. «Se tivermos vinhos bons, boas ofertas turísticas e boas ofertas hoteleiras é meio caminho andado para o sucesso da Beira Interior», garante.

E esta distinção do Beyra Superior Tinto 2019 «é a sensação de remuneração do meu trabalho. É para isto que eu trabalho. E quero que este prémio corresponda também aquilo que eu faço na vida real, que é ser enólogo», consolida Rui Roboredo Madeira, produtor vencedor do melhor vinho na 14ª edição do concurso de vinhos da Beira Interior.

«Somos a região que mais vinhos biológicos certifica em Portugal»

O jantar de entrega dos prémios aconteceu, este sábado, em Pinhel, atualmente “Cidade do Vinho”. O evento foi uma parceria entre a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) e a autarquia pinhelense.

Ao longo da noite foram 29 os premiados – 13 medalhas de ouro, 12 de prata e os 4 grandes prémios. Para além do grande vencedor (Beyra Superior Tinto 2019), foi também premiado o melhor vinho no feminino, ou seja, o vinho com maior pontuação atribuída pelas sete mulheres que integraram o júri (Doispontocinco Colheita Especial Branco 2018); o vinho com melhor imagem (Casas do Côro Reserva Tinto 2018) e a melhor imagem no feminino (Rosa da Mata Fernão Pires Branco 2019).

O concurso conta já com 14 edições e para Rodolfo Queirós, presidente da CVRBI, esta iniciativa tem sido uma ferramenta importante para divulgação e promoção da região da Beira Interior. E se «há 15 anos ninguém ouvia falar da Beira Interior, hoje isso já não acontece», sublinhou o responsável, para quem esse é o resultado de um «trabalho em rede» das autarquias, dos produtores, dos enólogos e de algumas entidades.

Atualmente, «somos a região que mais vinhos biológicos certifica em Portugal e hoje esse é o caminho para entrar em muitos mercados de exportação, porque cada vez mais as pessoas querem coisas com menos pesticidas, com menos tratamentos, mais amigas do ambiente», afirmou Rodolfo Queirós, que revelou que a gala final do concurso de 2022 acontecerá em Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco.

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