Por forma a assinalar os 22 anos de existência do jornal O INTERIOR, vamos recordar os leitores das notícias mais marcantes do primeiro ano deste semanário.
O ano de 2000 foi um ano bissexto e, segundo o horóscopo chinês, foi o ano do Dragão. Para além disso foi considerado o ano internacional de Ação de Graças, assim como o ano internacional da Cultura da Paz pela Organização das Nações Unidas (ONU). Neste mesmo ano nasce o sistema operativo Windows 2000; foi lançado um dos videojogos mais populares do mundo: “The Sims”; Vladimir Putin é eleito presidente da Rússia; teve lugar, em Sidney, a 27ª edição dos Jogos Olímpicos; e George W. Bush foi eleito presidente dos Estados Unidos da América (EUA).
Em Portugal, Durão Barroso é reeleito líder do PSD; dá-se o fim da erupção do vulcão da Serrata, na Ilha Terceira (Açores), ativo desde o fim de 1998; o Sporting sagra-se campeão 18 anos depois, sendo que o último título tinha sido em 1982; Nuno Delgado e Fernanda Ribeiro conquistam o bronze nos Jogos Olímpicos de Sidney, enquanto que nos Paralímpicos, Portugal conquista uma “chuva de medalhas” (ao todo foram 16: seis de ouro, cinco de prata e cinco de bronze); foi também neste ano que teve lugar o fenómeno “Big Brother”, sendo o primeiro reality show a ser exibido em Portugal.
Na região: projetos falhados e sonhos não concretizados
Na região, no ano de 2000, foram anunciados alguns projetos que nunca chegaram a ser realizados. O primeiro que aqui recordamos diz respeito a uma escultura “invulgar” para a fronteira de Vilar Formoso. Era uma espécie de lenço de papel em que se podia ler, de um lado, uma saudação, e do outro, uma despedida. Conclusão: nunca chegou a ser construída tal escultura.
Também a construção de um hospital privado (à semelhança do que aconteceu há bem pouco tempo por Carlos Chaves Monteiro) era anunciado no ano de 2000. Conclusão: não há sinais nem de um, nem de outro.
Ainda nos hospitais, no mesmo ano foi anunciada a remodelação do pavilhão velho do Hospital Sousa Martins, onde os doentes de Pneumologia, Oftalmologia e Otorrino não tinham condições. Remodelações que nunca chegaram a acontecer.
Na Covilhã, decorria também um concurso para ser construída uma variante periférica que desse acesso à Serra da Estrela sem que o trânsito fosse feito pelo centro da cidade, variante esta que nunca viria a ser celebrada.
Voltamos à Guarda com uma notícia que ainda agita os dias de hoje. A Alameda da “Ti Jaquina” ficava adiada e fora da construção da segunda fase da Via de Cintura Externa da Guarda (Viceg). Até aos dias de hoje, essa alameda nunca foi construída.
Ainda na Guarda, o projeto para a construção de um parque subterrâneo na Praça Velha também ficava pelo caminho. Um projeto que pretendia dar resposta ao problema de falta de estacionamento naquela zona da cidade que persiste 22 anos depois.
Por fim, na Mêda, a possível construção de um aeródromo ficou também pelo caminho.
Na região: Problemas que insistem em persistir 22 anos depois
No primeiro ano do Jornal O INTERIOR, também já se anunciavam alguns problemas que tendem a persistir 22 anos depois.
Na saúde, por exemplo, o ano de 2000 foi fortemente marcado por ruturas, tanto na obstetrícia, como na pediatria. A falta de pediatras no Hospital Sousa Martins foi um problema, sendo que os Centros de Saúde encaminhavam as crianças para Viseu. A situação agravou-se também nas urgências, pois os três pediatras do Hospital Sousa Martins não conseguiam assegurar o serviço.
Ainda na Saúde, O INTERIOR anunciou que a primeira e única psicóloga clínica do Centro da Saúde da Guarda “fez as malas”. A psicóloga, Denise Ribeiro, estava ao abrigo de um estágio do Instituto de Emprego e Formação Profissional que, entretanto, chegava ao fim.
Outros dos problemas, que afetavam a região no ano de 2000, e que persistem até aos dias de hoje são a falta de alunos nas escolas, assim como a baixa natalidade e a desertificação. O arranque do ano letivo desse ano foi marcado por uma quebra no número de alunos, sendo que somando o 2º, 3º ciclo e o secundário foram menos 24 as turmas e menos 762 os estudantes.
Também a falta de mão-de-obra no distrito da Guarda foi um dos problemas do primeiro ano de O INTERIOR que se volta a repetir 22 anos depois. As empresas da área dos têxteis e calçados sofriam de falta de mão-de-obra, devido a diversos fatores: desertificação, não especialização das pessoas, baixos salários, ou profissões pouco atrativas estão entre as principais razões.
Por fim, falemos do conhecido “Bairro da Fraternidade”, um tema que continua a agitar os dias de hoje e que vem desde 2000. Naquela altura, a Câmara da Guarda apresentava nova candidatura ao Instituto Nacional de Habitação para reabilitar o bairro. A verdade é que 22 anos depois, o “Bairro da Fraternidade” continua igual ou pior do que estava: sem condições para quem lá mora.
O que marcou a região pela positiva
O ano de 2000 foi também ele, um ano pautado por notícias positivas e conquistas marcantes.
Na Covilhã, foi inaugurado o Hospital Cova da Beira, um projeto «pioneiro, quer pela qualificação de quem aqui trabalha, quer pela qualidade dos equipamentos», anunciava assim António Guterres, primeiro ministro nessa altura. Ainda na Covilhã, e no tema da saúde, a Covilhã passou a acolher um laboratório inovador para acompanhar casos de SIDA.
Já em Vila Franca das Naves, o intercidades passou a parar na estação da aldeia (na altura), uma notícia bastante feliz para a população.
Na Guarda, o anúncio da transformação da zona do Rio Diz para um grande Parque Urbano de lazer foi acolhido pela população com contentamento. Um empreendimento que na altura estava orçado em dez milhões de contos.
Catarina Reino