As profecias eram muitas, mas nenhuma se concretizou. A entrada no ano 2000 trazia consigo anúncios do fim do mundo e/ou de suposto regresso ao passado em consequência do temido “bug do milénio”. A noite de passagem de ano – que o então primeiro-ministro António Guterres passou num centro operacional de informações, por prevenção – confirmou a normalidade e a ausência de catástrofes. O ano começara, afinal, dentro da normalidade e sem alterações inesperadas.
Na Guarda, pelo contrário, preparava-se a mudança há muitos meses. Várias personalidades «de grande categoria e mérito» juntavam-se para discutir e organizar um novo suporte informativo que permitisse unir a Guarda e a Covilhã, contribuindo para o desenvolvimento da região como um todo. O INTERIOR era assim o primeiro jornal a surgir no novo milénio. Foi também o primeiro a ser lançado simultaneamente em dois suportes: papel e digital.
A vontade de ir «além do imediatamente percetível», foi assumida desde o primeiro editorial: «a descoberta das diversas posições, distinguindo factos de opiniões e vontades de finalidades; o observar realidades: permitir-nos-ão ser agentes de formação e informação. Este é o nosso entendimento de seriedade e credibilidade…», lia-se no editorial incluído no jornal que se estreava nas bancas a 14 de janeiro de 2000. Nascia então um novo semanário regional, feito de jornalistas jovens e colunistas experientes que tinham como objetivo comum contribuir para o desenvolvimento e afirmação da Beira Interior.
No ano de lançamento O INTERIOR viu o esforço imediatamente reconhecido com a atribuição do Prémio Gazeta de Imprensa Regional pelo Clube de Jornalistas. O mais prestigiado galardão nacional serviu de confirmação a um projeto que se assumia, desde o início, ambicioso.
Focado no escrutínio, O INTERIOR organizava, em dezembro de 2001, o único debate presencial com todos os candidatos à liderança da Câmara Municipal da Guarda. A sessão atraiu centenas de munícipes, que quiseram ouvir pessoalmente as suas propostas.
No Verão de 2002 surge a aposta na promoção da cultura e da leitura com a Festa do Livro, uma atividade com impacto significativo na Guarda. O evento – que teve a sua primeira edição na Rua do Comércio – trouxe livros às ruas da cidade e tornou-se pretexto para concertos, instalações de arte e animação de rua. Nos anos seguintes a Festa do Livro foi realizada na Praça Velha e – após um interregno de quatro anos – junto ao Jardim José de Lemos.
Além desta atividade, a primeira década de O INTERIOR incluiu ainda a fundação da “Rede Expresso”. Em 2004 o jovem jornal guardense inaugurava um espaço partilhado por 17 jornais regionais (um por distrito) no semanário mais lido do país. Cinco anos depois O INTERIOR passaria a ser distribuído com o jornal “Expresso” em toda a Beira Interior – prática que mantém até hoje, ainda que agora mensalmente.
Ainda em 2009 foi feita uma nova aposta na dinamização da informação regional: O INTERIOR.TV. A nova plataforma propunha complementar os conteúdos em papel com reportagens em vídeo, apresentadas por ordem cronológica. «Os maiores jornais do mundo têm indexada ou em paralelo uma webtv, O INTERIOR não podia ficar à margem das mutações da sociedade de informação, por isso está nas diferentes dinâmicas da Web – da televisão online às redes sociais». Assim era justificada em Editorial a nova aposta em julho de 2009, na edição impressa que documentava a sessão de apresentação da plataforma.
O INTERIOR voltou a marcar a diferença ao eleger, com a ajuda dos leitores, a personalidade do Ano das Beiras e Serra da Estrela, de 2015. Rui Ventura, presidente da Câmara de Pinhel, foi o mais votado numa lista de nomes dos protagonistas mais referidos nas notícias publicadas nas 52 edições de O INTERIOR desse ano. O prémio, uma peça do escultor guardense Pedro Figueiredo, foi entregue a 11 de março de 2016 num jantar no Hotel Lusitânia.
A crescente importância do meio digital levou à posterior modernização do site www.ointerior.pt, aliada a um maior enfoque na informação digital. Hoje O INTERIOR é, além de um semanário, um diário digital regional, que, mesmo perante as adversidades, insiste em manter o acesso livre a todos os conteúdos publicados. Em 2020, como em 2000, continuamos a defender «um jornalismo informativo disposto a lutar pelos leitores».