Cultura

Há cada vez «mais mulheres agressoras sexuais de crianças»

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Escrito por Efigénia Marques

Ana Pinho é natural de Coimbra, mas mudou-se para a Guarda em 2009, aos 27 anos, para trabalhar na Polícia Judiciária. A inspetora escreveu e acaba de apresentar o livro “Mulheres Agressoras Sexuais de Crianças” no qual debate os papéis nas decisões judiciais tendo em conta a experiência profissional.
«É um tema difícil porque mexe com os nossos sentimentos e com as nossas emoções. Temos de ser racionais, o que por vezes é difícil na minha experiência profissional. Comecei a ver situações em que não eram só os homens os agressores, as mulheres também eram e, quando tentei procurar saber como podia explorar mais para detetar mais precocemente estas situações, percebi que havia uma lacuna de estudos nesse sentido», adianta Ana Pinho a O INTERIOR. Descoberta a «lacuna», a investigadora decidiu prosseguir a vida académica e «concluir a obra» que resultou numa tese de mestrado.
Segundo a autora, há agressões a crianças por parte de mulheres que, por vezes, passam despercebidas. Trata-se de «toques que, efetivamente, são os mais difíceis e que torna este tipo de violência invisível», exemplifica, acrescentando que, por vezes, aproveitam as «rotinas do dia a dia em casa ou até na escola para praticar este tipo de crime». Há situações que envolvem alguma «agressividade», mas Ana Pinho já teve contacto com outras situações. É facto que «há mais agressores masculinos», mas com o livro “Mulheres Agressoras Sexuais de Crianças”, Ana Pinho pretende «alertar para alguns comportamentos que achamos errados se forem feitos por homens, mas que passam despercebidos quando é uma mulher a praticá-los e temos de estar alerta para isso».
Uma vez mais, Ana Pinho fala em «toques, nomeadamente inapropriados», mas também falamos da «invasão de privacidade e da intimidade de uma criança». É uma situação que se repete no país. «O paradigma e a maior dimensão ainda é o agressor masculino, mas vão aparecendo cada vez mais agressoras a nível nacional, não só aqui na nossa zona», refere. Ao longo dos anos, a inspetora do Departamento de Investigação Criminal da Guarda formou-se na área da Criminalidade Sexual e Violência nas Relações de Intimidade. O livro “Mulheres Agressoras Sexuais de Crianças” garantiu-lhe o grau de mestre em Estudos Sobre as Mulheres, Género, Cidadania e Desenvolvimento com nota máxima.

Sobre o autor

Efigénia Marques

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