Cara a Cara

«Quero contribuir para desenvolver a cultura e língua portuguesa junto dos luso-descendentes e dos franceses»

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Escrito por ointerior

P – É o novo conselheiro cultural na embaixada portuguesa em Paris. Qual foi a sua primeira tarefa?

R – Assumir novas responsabilidades num novo país implica procurar conhecer a situação existente, que será o ponto de partida para o que se vai fazer. É por isso que a minha primeira tarefa foi procurar inteirar-me do trabalho feito, da preparação para o ano de 2025, das condições operacionais, das linhas estratégicas definidas.

P – Que projetos/ iniciativas tenciona realizar?

R – Acima de tudo, dois grandes objetivos: o primeiro, dar um contributo para o desenvolvimento da cultura e língua portuguesa junto da nossa comunidade migrante e das gerações luso-descendentes; o segundo, dar um contributo para a valorização da cultura e língua portuguesa junto dos franceses. Estas são tarefas que os meus antecessores concretizaram e que pretendo consolidar e, se possível, atualizar e ampliar, sempre em articulação com o embaixador de Portugal em França e com o Instituto Camões.

P – Tem uma grande ligação à Guarda, como tem acompanhado a cidade estes últimos anos?

R – Eu cresci na Guarda. Completei a escola primária na escola do Bonfim e o ensino secundário na escola Afonso de Albuquerque. Aqui voltei sempre durante o meu curso universitário para estar com a família e amigos. Aqui sempre regressei ao longo dos anos, por razões pessoais e profissionais. Tenho acompanhado os sucessos e as dores da cidade, do concelho, do distrito, pois sempre considerei a Guarda como “minha”, aqui a minha família viveu desde os anos 60 do século passado, o meu coração também está nas suas pedras, nas suas ruas, nas suas casas, nas suas pessoas e lugares, nas suas histórias.

P – E a nível cultural?

R – Naturalmente, também acompanho a sua história cultural, apesar de, nos últimos anos, em que tenho estado no estrangeiro, menos.

P – Foi eleito deputado na Assembleia Municipal da Guarda pelo PSD, participou apenas nas primeiras sessões do mandato. Não é contraproducente assumir esta responsabilidade e depois não conseguir cumprir?

R – A pergunta é feita como um juízo de valor, portanto não é uma pergunta, é já uma avaliação. Já escrevi sobre esta matéria para o vosso jornal, há mais de três anos. Todavia, sendo que querem voltar a este assunto nesta altura (e vocês saberão as razões para o efeito) não vou deixar de me expressar. Foi com muita honra que assumi a candidatura, como cabeça de lista, à Assembleia Municipal da Guarda, pelo PSD, nas últimas eleições autárquicas. Permitiu-me reaproximar-me da terra onde cresci, com vontade de poder contribuir para o seu desenvolvimento. Envolvi-me, ativamente, na campanha eleitoral, visitando o concelho e a cidade, participando e ouvindo, comunicando e convivendo. Os eleitores deram-nos o segundo lugar na votação, não ganhámos. Dispus-me a exercer as minhas funções enquanto líder da bancada pela qual fui eleito. Todavia, infelizmente, apercebi-me, logo na primeira sessão da Assembleia Municipal, que, internamente, as condições para exercer esse papel não existiam. Considerei não fazer sentido exercer um “estar presente” só para marcar presença. É minha postura na vida pensar e agir, não, simplesmente, marcar presença. Não me voltarei a pronunciar sobre esta matéria do passado. Para o futuro, desejo o melhor ao meu partido, e acima de tudo, ao desenvolvimento da Guarda.

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Dados de Perfil:

Jorge Barreto Xavier

Conselheiro cultural na embaixada portuguesa em Paris

Idade: 59 anos

Naturalidade: Goa, antigo estado da Índia

Profissão: Diplomata de Portugal em Paris

Currículo (resumido): Foi Secretário de Estado da Cultura, na dependência do Primeiro-Ministro, no XIXº Governo Constitucional; (…); Diretor-Geral das Artes do Ministério da Cultura; Vereador da Cultura, Juventude e Defesa do Consumidor da Câmara Municipal de Oeiras; Diretor Municipal da Educação, Desenvolvimento Social e Cultura da Câmara Municipal de Oeiras; Administrador não executivo do Instituto da Juventude; Presidente da Direção do Clube Português de Artes e Ideias; Diretor do Lugar Comum, Centro de Experimentação Artística; Coordenador do Programa Paideia, Arte nas Escolas e do Programa Jovens Criadores; Coordenador da Comissão Interministerial Educação/Cultura do XV Governo Constitucional; Membro do Conselho Nacional da Educação; Foi Consultor da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação das Descobertas, Centro Cultural de Belém, da Fundação de Serralves, da Reitoria da Universidade de Lisboa, da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Foi Diretor do Departamento de Cultura e Entretenimento da NEOM Authority, Arábia Saudita; Diretor-Geral da 7ª Bienal de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo; Professor convidado do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e investigador associado do CIES/IUL; É licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, tem o diploma de Estudos Avançados em Ciência Politica da Universidade Nova de Lisboa; Publicou ensaios, contos, artigos e assumiu a direção de publicações, tendo realizado também exposições fotográficas no pais e estrangeiro; (…); É Académico Honorário da Academia Portuguesa da História e Oficial da Ordem das Artes e das Letras de França.

Livro preferido: Tenho vários e variam com o tempo – há livros que preferi que já não prefiro e outros que entraram para a minha ordem de preferências – a leitura é um ato dinâmico de constante aprendizagem e descoberta.

Filme preferido: O mesmo posso dizer em relação aos filmes

Hobbies: Escrever, fotografar

Sobre o autor

ointerior

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