Cara a Cara

«Passados 190 dias já assistimos ao desalento e à descrença de muitos relativamente ao projeto do “PG”»

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Escrito por Efigénia Marques

P – O que vai fazer para relançar a concelhia do PSD na Guarda?

R – Trabalhar arduamente, conjuntamente com a equipa que me acompanha, chamando todos os militantes e simpatizantes que a nós se queiram juntar. Somos um grupo de pessoas que partilha com a população os problemas e ambições e que exige o que houver de melhor para oferecer aos guardenses. Não resumiremos a nossa acção à “política de gabinete” e já começámos a delinear visitas às freguesias e reuniões com o associativismo concelhio. Vamos andar na rua e, mais do que ouvir, vamos escutar as pessoas. Não seremos meros espectadores de bancada, seremos activos e interventivos. Estou seguro que, em pouco tempo, esta concelhia do PPD/PSD será a voz humanista das bases e da população da Guarda.

P – Foi eleito por 143 militantes, num universo de 227 com condições de votar, não é pouco para liderar a maior concelhia do partido no distrito da Guarda?

R – Dada a amplitude de militantes de referência que integraram a comissão de honra da lista, a diversidade de quem foi votar, ser uma lista única, mesmo com a meteorologia a “não convidar” a sair de casa, de haver reuniões políticas importantes a nível nacional (ANAFRE), sem esquecer as celebrações fúnebres em memória de queridos e reconhecidos companheiros, e tendo em conta resultados do passado nesta concelhia, estamos seguros que uma afluência de 64% é relevante e digna de referência. Foi uma votação expressiva e demonstrativa de que PPD/PSD está forte, unido e continua a ser o maior partido do concelho, do distrito e do país.

P – Como está a concelhia após dez meses de inatividade e a saída de dezenas de militantes com Sérgio Costa?

R – Essa saída naquele momento específico afectou cirurgicamente a vida política do PPD/PSD da Guarda ao causar constrangimentos e impossibilitar a eleição de uma nova equipa antes das eleições autárquicas. Isto porque não pode haver eleições internas nos três meses anteriores a eleições locais e nacionais. A concelhia está financeiramente delapidada. A gestão e trabalho responsável de poupança e contenção de custos de Tiago Gonçalves não teve continuidade na gestão posterior, tendo sido esbanjados avultados montantes. Ao nível humano, orgulhou-nos rever militantes de diferentes escalões etários, classes sociais, desde fundadores do partido no concelho aos jovens da JSD, a demonstrar o seu apoio e oferecer a sua ajuda. Em resumo, podemos dizer que a concelhia da Guarda sofreu um abalo, mas não colapsou, situação que abriu os olhos aos mais desatentos e unificou ainda mais a família social-democrata.

P – O PSD está numa encruzilhada na Guarda. Qual o caminho que vai escolher na oposição a Sérgio Costa?

R – Será o de uma oposição responsável, sem revanchismos e concertada com os vereadores do PSD, o grupo parlamentar e os presidentes de Juntas. Estaremos também ao lado dos empresários, das associações e dos guardenses. Seremos observadores atentos, mas interventivos sempre que julguemos procedente. Estaremos disponíveis para enaltecer o que de bem for feito, para aconselhar caso nos seja solicitada opinião e para criticar construtivamente se discordarmos.

P – O atual presidente da autarquia, que o antecedeu na liderança da concelhia do PSD da Guarda, ainda tem muitos adeptos na secção local. Admite que possa regressar à origem? Isso interessa ao PSD? E, pela sua parte, está disposto a fazer a ponte?

R – Têm sido centenas os militantes que nos têm parabenizado, sendo que muitos dos que apoiaram Sérgio Costa há dois anos estão arrependidos e desabafam que “…foi outro que se serviu do PPD/PSD para objectivos unicamente pessoais…”. Sentiram-se traídas e agora depositaram a sua confiança em nós. Os verdadeiros militantes começam a estar mais atentos, a saber distinguir quem vem com a intenção de atingir objectivos meramente pessoais daqueles que trabalham abnegadamente pelo partido e estão ao serviço da comunidade. Actualmente, não vejo que tenha restado um número significativo de adeptos que possam fazer mossa ou que não estejam já arrependidos por lhe terem dado apoio. Quanto ao “regressar à origem”, vejo difícil quer pela conjuntura de maioria PS no Governo nos próximos quatro anos, quer pelo amargo de boca e desilusão que trouxe ao PPD/PSD, mas, como diz o ditado, “o futuro a Deus pertence”. No entanto, nenhum partido poderá esquecer que o potencial candidato já mostrou não respeitar hierarquias nem regras partidárias. Pela minha parte, tenho-me por exímio negociador, sempre soube sentar-me a uma mesa e conversar, desde que as partes coloquem de lado egos e rivalidades, e nunca fechei portas a nenhum entendimento.

P – Qual o balanço que faz dos primeiros meses do executivo liderado por Sérgio Costa?

R – O “PG” elevou demasiado a fasquia, houve muita promessa, muitos compromissos e isso fez com que os eleitores criassem expectativas demasiado altas. 190 dias depois da tomada de posse há desalento e descrença de muitos relativamente ao projecto. Não foram realizados o Julgamento e Morte do Galo e a FIT, dois eventos que dão grande visibilidade (nacional e internacional) à Guarda. Perderam as freguesias, o comércio local, a hotelaria e a restauração, e saiu a perder o concelho da Guarda. Há obras paradas na cidade, como a da rotunda da Alameda de Santo André e da Av. Afonso Costa, que estão a ser feitas com o dinheiro do povo para facilitar a vida de todos, pelo que não se devem eternizar. Já a Academia da AF Guarda a construir em Celorico da Beira é um exemplo de falta de capacidade política e de entrosamento com o associativismo. A Guarda tinha mais argumentos para acolher este investimento. E a candidatura a Capital Europeia da Cultura foi tratada por este presidente como um mero acto administrativo, de despacho pelos CTT, nada comparável com a imponência que Rogério Bacalhau deu à candidatura de Faro. Quanto a sede do Geopark Estrela, o autarca deixou-a simplesmente fugir para Manteigas e também não ouvimos protestos ou pedidos de compensação ao Governo pelo encerramento da Secretaria de Estado da Ação Social. No caso do Hotel Turismo, e com o concurso para a concessão a decorrer, o presidente da Câmara veio a público afirmar que a autarquia comprava, o que só veio afastar potenciais interessados e demonstrar falta de tacto político. O balanço está à vista, é mais de meio ano de desilusão, de perda, para a Guarda. Fica a dúvida se é uma estratégia de gestão “à moda antiga”, em que se guarda o dinheiro dos dois primeiros anos para esbanjar nos dois últimos do mandato em festas “pimba” e bolos. Estamos atentos! 

JÚLIO SANTOS

Presidente da concelhia da Guarda do PSD

Idade: 51anos

Naturalidade: Guarda Profissão: Técnico superior de Serviço Social

Currículo (resumido): Licenciado em Relações Publicas pelo Instituto Superior da Maia; Pós-graduado em Administração Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa; Mestre (pré-Bolonha) em Serviço Social pela Universidade Lusíada de Lisboa; A frequentar o último ano do doutoramento em Serviço Social no ISCTE-IUL; Técnico superior da Misericórdia da Guarda de janeiro de 2011 a julho de 2015; Técnico superior de Serviço Social do CLDS de Pinhel de novembro de 2015 a outubro de 2018; Coordenador do CLDS de Pinhel de novembro de 2018 a setembro de 2019; Técnico superior da Misericórdia de Pinhel desde dezembro de 2019; Presidiu à mesa da Assembleia de Secção da Guarda do PSD durante dois mandatos; Diretor na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Egitanienses; Vice-presidente das mesas da Assembleias da Academia Desportiva “Os Sanchos” (Guarda) e da Casa do Benfica da Guarda

Filme preferido: “Le Parfum, histoire d’un meurtrier” (2006), de Tom Tykwer Livro preferido: “1984”, de George Orwell

Hobbies: Motociclismo (na vertente lúdica de passeios) e restauro de carros clássicos.

Sobre o autor

Efigénia Marques

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