Sociedade

Da Guarda para o topo do Youtube

Youtuber Easy Resize.com
Escrito por Efigénia Marques

Cardoso já tem 255 mil subscritores na plataforma digital

Luzes, câmara, criatividade e ação. Foi assim que nasceu um sonho, o de João Cardoso, natural da Guarda, e agora um dos maiores youtubers de Portugal. Com 255 mil subscritores, Cardoso, como é conhecido nas plataformas digitais, já conquistou a primeira placa de prata do Youtube, atribuído quando se atinge a marca de 100 mil subscritores.
A paixão pelas plataformas digitais e sobretudo pelo Youtube surgiu há alguns anos, quando o jovem, agora com 26 anos, começou a ver vídeos de outros youtubers e decidiu lançar-se na aventura. Contudo, a caminhada desde a Guarda até ao topo do Youtube teve que esperar pela faculdade. «Foi lá que comecei a fazer umas brincadeiras e acabou por ser uma coisa muito engraçada, porque foram os vídeos do início que me fizeram continuar. Já tive dois canais, o primeiro foi um teste e chegou até aos cinco mil subscritores, mas como era para testar não estava a levar aquilo a sério», recorda. Foi aos 18 anos que o Youtube começou a marcar a sua vida graças a um canal que ainda tem actualmente. «Este projeto começou a ficar sério quando fiquei com uma cadeira por fazer na faculdade e eu, em vez de ir trabalhar, pensei em dedicar um ano a isto. Na altura estava para aí com 20 mil subscritores, ainda não ganhava dinheiro nenhum e acabei por tirar o tal “ano sabático”», adianta o guardense.
Com o canal elaborado, inicialmente, para divulgar as famosas paródias que constrói, a experiência foi crescendo com a «paixão pela música, o gosto de cantar, a criatividade de fazer as letras e o meu segundo ou terceiro vídeo foi logo uma paródia, o público reagiu bem e comecei a fazer paródias de temas do dia-a-dia e do futebol, que também é uma paixão. A paródia do Cristiano Ronaldo deve ter sido a que me deu mais gozo de fazer porque estava literalmente a dançar no estúdio», recorda Cardoso. O crescimento do canal foi algo «natural» e o seu criador considera que o facto de ter começado na faculdade «acabou por ajudar porque começou de uma brincadeira total e todas as sextas saía um vídeo novo, mesmo tendo trabalhos ou frequências».
O segredo para conciliar as duas coisas foi a «consistência» e o «fazer as coisas a horas». «Eu estava na faculdade, mas não era o meu foco principal. Tirei o curso de Gestão e Recursos Humanos, só que dediquei-me ao Youtube e as coisas acabaram por vir. Infelizmente, muitas pessoas dizem que é sorte, mas não, houve muito trabalho por detrás», sublinha o jovem. O “youtuber” guardense só deu conta do sucesso quando regressou à Guarda: «Lembro-me do dia em que atingi os 20 mil subscritores, estava doido, mas acho que não dás conta do crescimento porque tens dois tipos de sucesso, o rápido e o consistente, e esse crescimento existe também em duas fases, a da brincadeira e a do trabalho, e o crescimento acabou por ser natural», afirma.
Cardoso é agora uma das caras conhecidas de outra plataforma, a Twitch, que possibilita aos criadores de conteúdos realizar “livestreams” de jogos, conversas ou até mesmo música. O “streamer” adianta que a Twitch apareceu «na altura em que o pessoal do Youtube começou a migrar para lá» dadas as restrições com músicas impostas por aquela plataforma. «Na Twitch tinhas uma liberdade maior nas “livestreams”, o que sempre gostei de fazer, só que ali consegues colocar as músicas que queres e na altura pensei numa coisa diferente do Youtube, para ter outro público e separar as coisas», justifica, considerando que a Twitch tem «uma cultura própria e um ambiente diferente».
O jovem guardense sublinha que este é um projeto diferente, que não começou «bem do zero» porque os seus seguidores no Youtube foram-no acompanhando. «A comunidade é tão única que, apesar de seres o maior “youtuber”, só vais conseguir singrar nessa plataforma se realmente gostarem de ti», explica Cardoso, segundo o qual «num vídeo consegues mostrar aquilo que queres, numa “livestream” não, tens de ser tu próprio». João Cardoso já se encontra nas plataformas digitais há vários anos e foram elas que lhe deram a oportunidade de conhecer muita gente, assim como de desenvolver projetos como o “PodRoast” em conjunto com o comediante Alexandre Santos, por onde já passaram nomes como Tino de Rans.
A liberdade de horários é algo de que gosta, mas, ao contrário do que muita gente pensa, «não tenho férias sempre que quero, porque é uma profissão ainda mais incerta do que as outras, já que não tens o cheque ao fim do mês. A malta tem ideia que o Youtube paga bem, mas isso é lá fora, em Portugal é uma realidade totalmente diferente», garante. O projeto do “PodRoast” nasceu de uma ideia partilhada entre Cardoso e Alexandre Santos, «Eu via “podcasts” de fora e lembrei-me de fazer um “podcast” a dois, mas com elementos de “roast”, e ele acabou por gostar da ideia», lembra. Pouco depois o projeto estava online: «Juntámos o melhor dos dois, eu com o “podcast” e ele com a vertente do “roast”, e acho que este projecto tem sucesso porque nos complementamos, isto porque não somos os dois comediantes e com este complemento corre bem», realça o guardense.
Cardoso refere que o “PodRoast” tem sido o seu projeto principal ultimamente. Já pensou voltar às paródias, mas um problema nas cordas vocais travou a intenção. «Tive de me ausentar, mas agora que já estou melhor não gosto de forçar paródias e quando assim for não vale a pena. Prefiro dedicar-me ao “PodRoast” e ver o crescimento desse projeto», confidencia o “youtuber”. No entanto, há vários projetos em vista, nomeadamente investir na música, «não tanto como artista, até porque já lancei um “single” e o “feedback” foi ótimo para primeira música, mas gostava de explorar outras áreas como DJ, pois é uma coisa que me divirto a fazer», afirma. A viver na Guarda, Cardoso diz que gostava de regressar ao Porto, não por não gostar da cidade dos 5 F’s, mas pelas pessoas do meio que trabalham na Invicta. «Eu gosto da Guarda e fico chateado quando me dizem, “ah, vais à terrinha?”, porque sinto que não têm noção do que é a Guarda», defende.

 

Emanuel Brasil

Sobre o autor

Efigénia Marques

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