Cara a Cara

«A atual crise política é um complot que se quer criar em torno da governação»

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Escrito por ointerior

P – Que balanço faz dos 10 meses enquanto deputada pelo distrito da Guarda? Que propostas apresentou? A saúde era um dos focos…
R – Questionei a ministra da Saúde no início da legislatura. Disse-lhe que a Guarda e a interioridade tinham de ser encaradas com um olhar tão redobrado em termos de condições de espaços físicos, e isso é muito importante. Era preciso também refrescar as estruturas de gestão, nomeadamente o Conselho de Administração da ULS. No caso da Guarda não estava a trabalhar bem, não estava a ter resultados positivos, pelo que era necessário promover com brevidade esse refrescamento de estruturas de gestão, e pôr em funcionamento o Pavilhão 5, que está por inaugurar porque ainda não está completamente concretizado e em condições, senão certamente que já teria sido inaugurado, visto que há vontade de todas as partes.

P – O Porto Seco está emperrado ou a andar?
R – O processo não tem andado porque houve erros administrativos do processo que tiveram de ser colmatados e corrigidos e que promoveram um atraso significativo. O ministro das Infraestruturas teve a preocupação de contactar as entidades envolvidas, nomeadamente a CCDR Centro, a entidade onde se vai obter o financiamento comunitário para a obra da primeira fase. Houve a necessidade de articular a burocracia, e foi isso que levou à demora.

P – Quanto ao Hotel Turismo, Dulcineia Moura sublinha que há a garantia do secretario de Estado do Turismo de que o concurso para a requalificação total do edifício será lançado até final deste mês. Qual é a explicação para o atraso?
R – Tem a ver com a alteração da estrutura que assume a gestão do projeto, a ENATUR. Até ao final de março vai ser lançado o concurso da obra, mas não é apenas da recuperação parcial face ao que estava previsto pelo anterior Governo. O concurso engloba a recuperação total do Hotel Turismo da Guarda.

P – A abolição das portagens nas ex-SCUT são uma marca desta legislatura, uma marca que o PS diz ser sua, mas também o resto da oposição. Votou contra, isso não foi trair os interesses do seu distrito ou não concorda que as autoestradas chegaram ao nosso território para desencravar o interior?
R – Sempre fui contra as portagens, mas defendendo sempre um plano de redução, com critérios de diferenciação positiva para os nossos territórios. Foi o que defendi enquanto cabeça de lista nas legislativas e nunca fui atacada por isso. Sempre fui questionada em todos os fóruns em que estive, participei também nos debates da Rádio Altitude onde fui questionada… E o que é certo é que nunca apanharam a deputada eleita pelo círculo eleitoral da Guarda numa mentira nem num ato de hipocrisia política. Na altura da discussão houve uma manifestação interna em que se insurgiram contra a minha posição, mas a qual eu desconsiderei por completo porque eu adotei uma posição de coerência.

P – Foi criado e instalado na Guarda o Centro para a Economia e Inovação Social (CEIS), que este Governo fundiu com o CCEA criando o Centro de Competências para a Economia Social (CCES), cuja sede também ficou na Guarda. Esta é a descentralização e a deslocalização que faz sentido quando defende coesão territorial?
R – Perante a possibilidade do centro de decisão sair da Guarda, de se extinguir o CEIS, a atitude do PS foi organizar uma conferência de imprensa na Guarda e emitir um comunicado com um tom ameaçador. Acha que foi isso que fez mudar o Governo e que fez com que o Governo mantivesse o centro de decisão na cidade mais alta? Acho importante olhar para o silêncio da deputada do PSD nessa altura e perceber “porque é que estava em silêncio?”. Estava a trabalhar para que se mantivesse o centro de decisão na Guarda, mesmo após uma fusão.

P – A Secretaria de Estado da Ação Social também saiu da cidade da Guarda. Como olha para isso?
R – São as tais questões que nunca tivemos a resposta. Porque é que a Secretaria de Estado deixou de funcionar na Guarda? Nunca tive essa resposta e não vou alimentar falsas suspeitas. Fiquei triste. Na altura do anúncio da vinda dessa Secretaria de Estado fiquei satisfeita e felicitei. Mas também disse, aos microfones da Rádio Altitude, que não importa apenas sediar, era também preciso definir as vantagens que a Guarda teria com essa Secretaria de Estado e também não houve resposta quanto a isso.

P – Como está a aplicação do Programa de Revitalização para o Parque natural da Serra da Estrela?
R – Nunca houve desde os incêndios de 2022 qualquer inscrição do Governo socialista uma dotação em Orçamento de Estado. E agora o PS, no expoente máximo da hipocrisia, vem dizer que houve um corte de 155 milhões de euros para 1,5 milhões. Só quero dizer que o Orçamento de Estado para 2025 tem, como nunca teve num governo socialista, uma verba inscrita, com dotação específica para o Parque Natural da Serra da Estrela, assim como medidas que abrangem este espaço e com as quais confrontei os ministros com responsabilidade naquilo que é um pacto nacional para a floresta, um plano integrado, que envolve quatro ministérios, e que pretende olhar para a floresta com preocupação, com um horizonte 2025-2050. Portanto, isto é um facto histórico, que nunca tivemos.

P – E como olha para a atual crise política e a eventualidade de legislativas antecipadas?
R – Face às circunstâncias, estou incrédula. Temos um Governo focado em trabalhar, com resultados francamente positivos. Tem conseguido alcançar propósitos para o país, desde logo estabilidade, paz social, concertação com diferentes classes, reforço solidário para idosos, medicação gratuita para beneficiários, taxas de desemprego em mínimos. Isto é um complot que se quer criar e vemos que, dos dois lados da oposição, há interesse em gerar este ruído em torno da governação.

P – Se houver eleições antecipadas será novamente cabeça de lista pela Guarda?
R – Dependerá da direção do partido, não me compete a mim. Qualquer que seja a decisão do partido, respeitarei sempre. O cabeça de lista é sempre uma orientação do presidente do PSD. A situação política atual é muito complexa também para quem já estava identificado como candidato às autárquicas.

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