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Xeque…

Na altura em que escrevo estas linhas a coligação ainda não se desfez, pela segunda vez, mas corro o risco de, no tempo que medeia entre a escrita do artigo e a saída para as bancas, se façam e desfaçam mais uma meia dúzia delas.

Todos se portaram mal neste processo kafkiano. Os palhaços, para usar a terminologia agora permitida para zurzir nos políticos, vieram de todos os quadrantes, da esquerda à direita, comandados pelo palhaço-mor desta comédia, o Paulinho-das-feiras. O Paulinho um dia descobriu que governar é muito mais difícil do que beijar velhinhos e, perante óbvios conflitos de interesses, o do poder e o da osculação geriátrica precedida de promessas ocas, teve uma epifania e mandou o país às urtigas sabendo, à partida, que as consequências da sua atitude seriam de lesa-pátria. Será?!…

Os investidores, quais “dragqueen” com síndroma pré-menstrual fingido, trataram de incinerar, de imediato, o esforço de dois anos de um país à beira de um ataque de nervos e atiraram os juros da nossa dívida para valores de idade socretina.

O Passos falhou porque não teve o jogo de cintura, a capacidade negocial, a inteligência política para lidar com uma raposa como o nosso Paulinho e também porque, desde o inicio, não teve a coragem de ser forte com o bando de sanguessugas da banca que controlam as malfadadas PPP’s.

E a oposição? Credo! O capital político que o tenrinho (in)Seguro teria ganho se, ao invés de se atirar de bocarra ao cadáver governamental, tivesse tido uma atitude conciliatória, de estadista, e tivesse sido o primeiro a pugnar pelo entendimento entre os pares da coligação. Mas isso seria pedir muito a toda a “entourage” que o aconselha e que está cheia de saudades dos tempos do regabofe pré-troiquiano. Seguro devia perceber que a queda do governo, nesta altura hipersensível, seria catastrófica, mas para isso é necessária muito mais experiência política. Perdeu uma excelente oportunidade dos portugueses o verem como uma alternativa ao caos.

Para continuarmos na pobreza de espírito, mais à esquerda, tivemos as declarações em fita magnética do senhor “foice e martelo” a pedir eleições antecipadas, bem como as dos da esquerda chique e esquizóide, estes últimos com o habitual fel de estimação que herdaram do Louçã. Seriam estes senhores do Berloque de Esquerda que, num hipotético governo de coligação sinistra, teriam uma atitude à Portas assim que o PS espirrasse mas não o fizesse à maneira estalinista-leninista-trotskista.

Penso que uma imensa maioria de portugueses, e não só, respirou fundo, nem que tenha sido lá no fundo, com este novo entendimento. Têm a inteligência política de saber que o poder a todo o custo tem custos e que esta não é a altura para brincarmos à alternância democrática.

Mas o mestre fantocheiro, aquele que disse ser irrevogável a sua decisão de sair, sabia de antemão que gente muito importante se iria genufletir implorando pela sua manutenção no governo, com o custo adicional de um substancial reforço de poder dentro da coligação e um salto hierárquico sem precedentes para o presidente de um partido que, atualmente, representará menos de 5% dos portugueses.

Xeque mate!

Por: José Carlos Lopes

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