“Weisman e Cara Vermelha” é o nome do espectáculo que o Teatro da Rainha leva ao palco do pequeno auditório do TMG na noite de quarta-feira.
A peça, do húngaro George Tabori, é encenada por Fernando Mora Ramos e coloca em cena um judeu errante (à imagem do próprio Tabori) e a sua filha deficiente, que encontram um índio montado na sua mula, à procura de eternas pradarias. Desse encontro nasce um confronto verbal, em que o índio e o judeu defendem que o seu povo sofreu mais que o do outro. O cenário remete para os mais secos territórios americanos, por onde andou o dramaturgo e de onde fugiu anos mais tarde. No deserto, os sujeitos revelam-se nas suas condições mais humilhantes. Um judeu sem fortuna e um índio sem pradaria vêem-se isolados e obrigados a reflectir a sua existência. Sem qualquer trunfo, usam a desgraça dos seus povos como arma de arremesso.
No final, o cara vermelha sai vencedor por duas vezes, ao deixar Weisman humilhado na sua pobre condição e ao oferecer a Rute, filha do judeu, uma vida nova longe da sombra paternal que não a deixava crescer. Trata-se de uma fábula lúdica, sob a forma de “western burlesco”, em que o humor de Tabori evoca, de modo mais visceral, o humor de Woody Allen. George Tabori foi um dos maiores dramaturgos e encenadores de teatro húngaros. A sua obra caracteriza-se pelo humor negro e por uma melancolia irónica. “Weisman e Cara Vermelha” é interpretado por Bárbara Andrez, Carlos Borges, Fernando Mora Ramos e Octávio Teixeira.