Arquivo

A razão dos cursos profissionais nas escolas públicas*

Só um pequeno comentário ao editorial d’O Interior de 3 de Abril, a propósito da frase «Cada aluno, no ensino público, custa ao Estado (que somos todos nós) cerca de cinco mil euros por ano».

Esse valor traduz a realidade do Aluno dos dias de Hoje e no futuro?

Como é do conhecimento público, o nosso Estado tem incentivado as escolas a abrirem cada vez mais cursos profissionais, os famosos CEF’s, e Novas Oportunidades em detrimento dos cursos tecnológicos (por exemplo) que iniciaram uma nova reforma do ensino secundário há apenas quatro anos, chegando agora ao fim, sem sequer ter sido feita qualquer avaliação sobre a mesma (E andam eles a pregar avaliação. Enfim.).

Bem, e o que é que isto tem a ver com os tais cinco mil euros? Tudo. O Estado já sabia que os cursos profissionais eram e são uma mina de ouro, melhor até, parece um poço sem fundo, só não sabia como lhe deitar também a mão. Agora já sabe. Desde algum tempo a esta parte que as Escolas Profissionais, IEFP’s e outras instituições andavam a deitar mão a estes cursos, é assim que elas sobrevivem ou sobreviviam. Num curso desta natureza (profissional), 80% é Fundo Social Europeu e apenas 20% é Estado Português. Não tenho dúvidas em perceber quais são as razões que levam o Ministério da Educação a implementar, a toda a força, um maior número de cursos profissionais nas escolas públicas. Esta é uma delas.

Nessa altura (a.P. – antes dos Profissionais), sou até capaz de concordar que um aluno custasse ao Estado os tais cinco mil euros. HOJE (d.P. – depois dos Profissionais), como mero agente da educação com 14 anos de experiência no ensino público, duvido desse valor que, na minha opinião, estará bastante acima da realidade. A ministra da Educação, talvez sem saber ou sem querer, já revelou alguns resultados da aplicação desta aposta nos profissionais (Choque Tecnológico) quando disse, mais ou menos isto «nós (ME) com o mesmo dinheiro apresentamos melhores resultados e mais sucesso escolar». Ora, no futuro qualquer ministra da Educação dirá ainda melhor, desta vez será qualquer coisa como «com MENOS dinheiro apresentamos ainda MAIS alunos, MENOS professores e MAIS sucesso». Não, não é milagre, nem demagogia é a EUROPA, é a POLÍTICA, somos todos nós, meu caro director.

* título da responsabilidade da Redacção

Luís Veloso, Oliveira de Azeméis

Sobre o autor

Leave a Reply