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Visitas à Sé da Guarda custam um euro

Medida implementada pela Diocese entrou em vigor no dia 1 de julho e apanhou de surpresa guardenses e turistas, cujas opiniões se dividem

Até ao passado 30 de junho o monumento icónico da Guarda, a Sé, tinha entrada livre e estava aberto a todos os que a quisessem visitar. Tudo mudou no dia seguinte, a partir do qual se começou a pagar um euro para visitar apenas o interior da catedral e dois euros para subir aos terraços.

A medida apanhou de surpresa alguns guardenses e visitantes, como foi o caso de Maria Ribeiro, que soube desta alteração quando se preparava para entrar no monumento nacional. «Fui apanha desprevenida, nem sei bem que dizer», disse a O INTERIOR esta guardense. Mais surpreendidos ficaram Márcio Henriques e Daniel Machado, que apenas souberam à saída que a entrada agora é paga. Os dois turistas explicaram que entraram sem que ninguém lhes cobrasse qualquer valor e desconheciam mesmo a existência desta taxa. No entanto, Mário Henriques disse não concordar com o pagamento, pois considera que «não se deve pagar para visitar uma igreja». A implementação de um custo para visitar a Sé da Guarda surge na sequência de um acordo entre a Direção Regional de Cultura do Centro e a Diocese, que agora passa a tutelar a gestão das visitas ao ex-libris guardense.

O objetivo é acabar com as portas fechadas do monumento a determinadas horas do dia e aos fins-de-semana. De maneira geral a medida tem sido bem recebida pelos visitantes, tanto mais que o preço exigido é um «valor simbólico», como consideram Marília e Javier Gomez, um casal espanhol que esteve na cidade mais alta na última sexta-feira. Aliás, nem mesmo os dois euros cobrados os impediu de subir até ao topo da Sé para ver as vistas. Também os residentes dizem que se as receitas forem usadas «para pagar obras de manutenção, julgo que este valor é importante», considerou Filomena Pina. Por sua vez, António Santos, natural da Guarda, mas há vários anos a viver fora, diz tratar-se de um «valor justo», lembrando que, «no estrangeiro, paga-se sempre para visitar estes locais» e «restaurar o património é sempre útil».

Já António Gonçalves, também natural da região e que aproveitou a passagem pela Guarda para mostrar a Sé ao filho, recusou-se a pagar por considerar que «pagar-se por um ato de fé é errado». Na sua opinião, «estes locais não devem ser explorados, o património da Igreja já é suficientemente grande». Também Fuente Santa, turista espanhola, afirmou que esta taxa não é a opção «mais correta», pois «o melhor seriam os donativos». Contudo, esta visitante não deixou de visitar a catedral. Para fazer o controlo das entradas, a paróquia já contratou uma funcionária e, ao que O INTERIOR apurou, o próximo passo será dinamizar o espaço, tornando a Sé numa atração cultural. No entanto, e por agora, quem quiser entrar terá de pagar, sem que depois tenha direito a uma visita guiada, que estão disponíveis apenas para grupos e marcações prévias.

Visitas de grupo, visitantes que apresentem cartão jovem ou sejam maiores de 65 anos terão direito a uma redução no bilhete de 50 por cento, ficando a subida à torre por um euro e a visita à catedral por 0,50 euros. De acordo com o horário afixado no local, as visitas decorrem todos os dias entre as 10 horas e as 17h30. O INTERIOR tentou obter mais esclarecimentos junto da paróquia da Sé, cujo pároco não se mostrou disponível para falar.

Ana Eugénia Inácio Na passada sexta-feira, alguns visitantes foram apanhados de surpresa com a cobrança

Comentários dos nossos leitores
antonio vasco s da silva vascosil@live.com.pt
Comentário:
E tudo serve para fazer negócio. Esta catedral já está mais que paga, há muitos anos… Os custos de manutenção têm que ser atribuídos à Igreja, pois é ela que a está a usar. Não havendo receitas próprias, pois as esmolas são cada vez menos, a Igreja procura com isto fazer um negócio das arábias. Só se entende que esta taxa incida apenas nos turistas, já que o povo da Guarda deve ficar isento. (…)Defendo que a Sé, como património, devia constar num guia de visitas deste nosso interior, a par de outros. Não temos um cartaz de visita feito com um plano à medida. Nesse sentido, peca por falta de originalidade e de boa vontade. Precisa-se um roteiro para a Guarda, tem que ser pensado, em que as crianças das nossas escolas tenham acesso livre, pois se não passarmos de geração em geração aquilo que é a riqueza do nosso património cultural, esta região vai morrendo aos poucos. Creio mesmo que este cartaz turístico devia incluir visitas guiadas, a começar no primeiro ano de escola. Temos muito para dar a conhecer, mas falta a imaginação de alguém que consiga impor-se numa zona dominada por gente que acha que manda ou por outra que se sente dona de tudo. Isto é igual para outras estruturas da nossa Guarda. A Câmara tem uma palavra a dizer, em vez de se preocuparem em fazer tantas rotundas, colocando os guardenses de cabeça à roda com tantas voltas, deviam pensar a Guarda como deve ser. Uma Guarda para todos e de todos. Acordem…
 

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