Arquivo

Uma questão de custo/benefício

Crónica Política

Começaram as obras na Praça Velha! Hosana!

Aqui há tempos comentava eu com um responsável socialista que não entendia a ordem de prioridades do executivo municipal neste mandato, que manifestamente parece não compreender a relação custo/benefício das obras. Algumas, como é o caso da sala de espectáculos, que têm custos financeiros astronómicos, para um baixo retorno político e de benefícios para a população, merecem um empenhamento inexcedível; outras, com baixo investimento, mas elevada capitalização política, são preteridas sistematicamente. De entre estas apontava o exemplo do centro histórico da Guarda.

Na verdade, como tenho dito, parece-me que a intervenção no centro histórico, ao menos na Praça Velha e zona circundante, é a obra que maiores créditos pode contabilizar para a edilidade, sendo para mim seguro que, no médio prazo, esta renovada mancha urbana vai ressuscitar a centralidade e a dinâmica comercial perdidas, ganhando a cidade, para além de maior dignidade, um fórum de convívio e lazer de que sempre careceu.

Quando se iniciam os trabalhos, porém, eclodem em simultâneo protestos e preocupações, que a mim, devo dizê-lo, não me surpreendem. É que só agora, na iminência da irreversibilidade do processo, se dá conta que há problemas por resolver e cuidados que deviam ter sido tomados. E no centro das preocupações surge o recorrente drama do estacionamento…

Sintetizemos: É inadmissível a Câmara não ter estudado e implementado soluções para o estacionamento no centro histórico antes de iniciadas as obras. E, mais inadmissível ainda, vir dizer que vai agora estudar o assunto quando nada fez no passado. Não concordo com os termos apresentados pela Associação Comercial da Guarda, que mostrou a intenção de impor a suspensão dos trabalhos por via judicial, até resolução do problema do estacionamento; mas concordo com voluntarismo e o ênfase colocado nesta reivindicação. O protesto dos comerciantes realça a gravidade do problema e a premência de encontrar soluções.

Mas não houve soluções já apontadas? Afinal o silo-auto na avenida do Bombeiros não foi previsto ser construído? E porque se desistiu de estudar a hipótese do parque subterrâneo na Praça Velha, quando esta hipótese era defendida (e foi apresentada) pelo próprio executivo socialista? A resposta para estas questões é apenas uma: inacção e falta de empenho político por parte da autarquia.

De facto, existem soluções de curto prazo perfeitamente exequíveis – e não me venham com a alternativa do parque subterrâneo no Jardim José de Lemos, que não serve o Centro Histórico, nem com o parque alternativo de um centro comercial privado, com estacionamento privativo! De repente, ocorrem-me as seguintes soluções, passíveis de concretização de imediato:

– Construção do estacionamento por detrás da Associação Comercial, solução (também) prometida pela autarquia, que não resolveria todo o problema mas, ao menos, ajudaria a resolver;

– Construção do silo-auto na Avenida dos Bombeiros, conforme prometido e largamente publicitado;

– Compra ou expropriação do edifício na Rua Augusto Gil, da Auto-Serviços da Sé, com capacidade para, pelo menos, tantos lugares de estacionamento como os da Praça Velha agora retirados.

E não se diga que não há alternativas. Afinal o problema continua a ser da gestão da relação custo/benefício das obras…

Por: Rui Quinaz

Sobre o autor

Leave a Reply