Nesta época conturbada, onde muito se fala da falta de valores humanos e onde o que mais conta são os números, (…) quero falar de Carlos Brito, o fundador do Centro de Alcoólicos Recuperados do Distrito da Guarda, que, passados 22 anos, ainda é seu presidente e a alma dessa instituição. Tem feito um trabalho notável e é, sem dúvida, a pessoa que, a nível nacional, mais tem contribuído para a causa do alcoolismo, o tratamento de doentes alcoólicos e a sua reinserção na sociedade. É uma pessoa vulgar, mas que tem a particularidade de querer ajudar toda a gente, em todo o lado e a toda a hora, (…) mesmo que isso prejudique a sua própria vida.
(…) Infelizmente, poucas são as entidades que o ajudam nesta sua missão e, quando tal acontece, é com verbas tão insignificantes que mal dá para pagar um mês de luz. Esta instituição vive com muitas dificuldades, mas lá se vai aguentando, porque ao seu leme está um grande marinheiro que não teme as tempestades. Espero que assim continue por muitos anos. Contudo – e é com muita pena que digo isto -, sinto que o Centro de Alcoólicos Recuperados do Distrito da Guarda é muito mal tratado. A começar na nossa cidade, onde deviam olhar para o trabalho que este homem tem feito ao longo dos anos e ter mais respeito por ele, pois é uma obra que já tem muitas histórias para contar e centenas de vidas “reconstruídas”. (…) Era bom que os nossos governantes e dirigentes olhassem para esta causa com olhos de ver e percebessem como o querer e a determinação de um homem construíram uma obra que muito dignificou a cidade e o distrito. Penso que, pelo menos, este homem já merecia um reconhecimento a nível local, pois trata-se de um cidadão da Guarda. Pelos vistos, “santos da casa continuam a não fazer milagres”. Infelizmente a nossa terra é, e continua a ser, uma madrasta para os seus filhos e uma mãe para os que vêm de fora. Parece que esta sempre foi a nossa sina.
Luís Pragana, Guarda