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A propósito de “Uma carta aberta a um excremento anónimo”

Caro Sr. Jorge Bacelar,

Compreendo perfeitamente a sua revolta e com o Sr. compartilho da indignação que um acto de tal natureza, refiro-me à apropriação indevida do seu nome para a prática de qualquer tipo de acção, pode provocar. No entanto… Não apreciei, e acredito que outros leitores de “O Interior” também não devem ter apreciado, a forma “pouco higiénica” como dá a conhecer a sua posição a tal respeito e que foi publicada na edição anterior. Sou um leitor assíduo deste jornal e tenho admirado a forma correcta como sempre tem expressado as suas opiniões, mesmo se por vezes delas discordo. Conhecendo-lhe tais atributos, estranho muito que o Sr. tenha descido a esse nível para contestar (passados dois anos) tão vil acção praticada por algum desafecto seu. Não posso e nem quero acreditar que levou tanto tempo a maturar uma tão nojenta resposta (nojenta no sentido das palavras utilizadas e não na razão de ser). Acredito, por outro lado, que a sua formação deve ser muitíssimo superior à de quem praticou tal crime. Nesse sentido, acredito mais ainda, que o Sr. teria, na certa, uma outra forma de responder e denunciar publicamente a agressão e o agressor, sem que tenhamos, nós leitores, que ficar com o estômago às voltas por causa das suas repugnantes palavras. Afinal, o Sr. deveria lembrar-se que estava a declinar tais palavras num órgão de comunicação social. Compreendo, como já afirmei, toda a sua revolta, mas, no meu humilde entender, não havia necessidade de ter atingido, por exemplo, a progenitora de tal verme, visto que, por razão alguma, acredito, tal senhora lhe mereça tanto desaforo. Se o Sr. queria atacar frontalmente essa espécie de sujeito, como fez, deveria ater-se simplesmente a ele. Por mais baixo e execrável que um ser possa ser, não se deve atribuir a culpa a quem o gerou, pois, como se diz comummente, de um bom ninho também pode nascer um mau passarinho. Nesse ponto foi longe demais. Pode até alegar que não sou obrigado a ler tal notícia. Concordo. Mas… se é para não ser lido não deveria ser publicado. Os meus respeitos à sua inteligência, o meu apoio à sua causa, mas a minha desaprovação à maneira como fez o seu desabafo.

Manuel Fernandes, Brasil

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