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Um bom exemplo: o Museu da Comunidade Concelhia da Batalha

Opinião – Ovo de Colombo

Quando um projeto cultural recebe um prémio é sempre motivo de regozijo por parte da equipa de trabalho envolvida no mesmo. No caso do Museu da Comunidade Concelhia da Batalha o sentimento de orgulho alarga-se a toda a comunidade local, que foi ouvida e convocada para levar a bom porto um espaço cultural que já conta com três galardões (Prémio “Acesso Cultura” 2014; Prémio Kenneth Hudson 2013; Melhor Museu Português do Ano 2012).

Aberto ao público desde 2011 – inaugurado com pompa e circunstância pelo senhor Presidente da República –, o Museu da Batalha (como é vulgarmente conhecido) tem pouco de pomposo e muito de acessível. Sem dúvida, a mais-valia do projeto reside no seu próprio lema “O Museu de Todos” e, acrescento, para todos. Para aqueles que se perguntem pela chave do sucesso, ela é bem simples (ou a julgar pela falta de muitos outros exemplos, talvez não): a vontade e determinação do poder político aliadas à consciência do valor patrimonial e da importância da educação pelo património; a clarividência de constituir uma equipa multidisciplinar e competente, cujo trabalho assentou em várias linhas e áreas de investigação; a consulta e a integração da comunidade local para formar um museu basicamente dedicado a si. Quando se aliam liderança, empenho, competência, cientificidade e consenso, o resultado tende a ser muito positivo.

Neste caso, algo determinante foi definir claramente, no início do projeto museológico, a missão e os objetivos do Museu que servissem de orientação durante as fases de crescimento e desenvolvimento. Foi então realizada uma consulta popular para saber quais os temas que a comunidade gostaria de ver tratados e apresentados expositivamente, pelo que hoje grande parte dos objetos visitáveis não pertence ao Museu mas a particulares. Por outro lado, à medida que o Museu ganhava forma, foi-se apostando num espaço com preocupações pedagógicas e didáticas e, sobretudo, de acessibilidade. Assim, encontramos um espaço museograficamente muito pensado para os cidadãos com necessidades especiais que, através de áudio e vídeo-guias, réplicas para serem tocadas, maquetes, pequenos textos informativos, vídeos e reconstituições virtuais, oferece a qualquer visitante uma experiência integral e multissensorial.

Tânia Saraiva

* Historiadora, crítica de arte e professora universitária

Sobre o autor

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