Há uns dias, um jornal da cidade noticiou que a 12 de Janeiro (…) ia abrir, finalmente, a Unidade de Acidentes Vasculares Cerebrais (UAVC) no Hospital da Guarda. (…) A notícia teve honras de primeira página, página interior e até direito a sinos repenicando. Só que o dia chegou e a UAVC não abriu, assim como não abriu há 13 meses, quando devia (…). Ora essas unidades são uma ordem há muito imposta pelo Ministério da Saúde e a Guarda parece ser o único distrito a não ter, embora tenha há mais de um ano director e dinheiros públicos para esse fim (…). Portanto, temos betão e poleiro, só não tratamos é dos doentes (…). O mais grave é a total desresponsabilização e a mentira descarada (…). Quantas centenas de doentes já passaram e irão passar pela ULS da Guarda sem ter uma atenção adequada? (…) Quem responde pelos doentes que na Guarda não foram devidamente tratados (…)? E ainda têm o descaramento de fazer disto uma boa notícia, qual jornalismo propagandístico, como se não soubéssemos que há muito que essa Unidade já devia estar a funcionar? Claro que nesta cidadezinha de compadrio político e de gélida memória estamos mesmo a ver o final deste filme de terror: o presidente tapar-se-á com o coordenador e vice-versa (…). Às duas por três sobra para o mestre de obras que, se tiver sorte e for do Partido, ainda se safa. Por isso a culpa ainda vai ser mesmo é dos doentes: quem lhes manda ter AVC na Guarda?
Manuel de Oliveira
