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Turismo para salvar Minas da Panasqueira

A criação de um núcleo museológico nas antigas galerias da mina é a grande missão do grupo de trabalho que tomou posse no domingo passado

A tomada de posse do grupo de trabalho encarregue de revitalizar turisticamente as Minas da Panasqueira da Barroca Grande, na aldeia de S. Francisco de Assis, foi o ponto alto das comemorações do 25 de Abril na Covilhã, que este ano se realizaram no couto mineiro.

A comissão «experiente e conhecedora dos problemas da região», constituída pelo presidente da Junta de Freguesia, José Luís Campos, e por dois antigos trabalhadores da empresa Beralt Tin & Wolfram, Eduardo Nobre e Alfredo Pereira, terá como tarefa essencial a revitalização turística e ambiental da zona e a promoção de novas iniciativas empresariais. Para isso, a comissão irá encarregar-se da limpeza do interior das galerias abandonadas há mais de 40 anos, proceder ao inventário do espólio existente e à avaliação de custos, que o presidente da Junta de Freguesia estima «serem superiores a um cinco milhões de euros». Em causa está a recuperação de cinco quilómetros de galerias para dar lugar ao futuro “Museu do Mineiro”, que, para além das máquinas antigas, deverá aproveitar ainda uma linha-férrea para pôr a circular um comboio antigo. Este deverá ser utilizado na descida de um poço vertical com 90 metros de profundidade e que faz a ligação ao piso inferior, numa extensão de quatro quilómetros, depois de uma visita pedonal de 2,5 quilómetros de extensão.

O turismo passa a ser assim a grande aposta dos autarcas e da população para recuperar económica e socialmente uma das regiões mais carenciadas do concelho da Covilhã, estando José Luís Campos «esperançado» em transformar a Barroca num «grande centro turístico no concelho dentro de dois ou três anos». Para tal, está prevista a construção de uma unidade hoteleira nos antigos escritórios da Beralt Tin & Wolfram, empresa que explora desde 1928 a extracção do volfrâmio nas Minas da Panasqueira. A comissão vai agora desenvolver os projectos para apresentar à administração central e a Bruxelas. Carlos Pinto confessou aos jornalistas ter «esperança» no sucesso da comissão e assegurou o apoio do Gabinete de Estudos e Planeamento da autarquia. O edil espera ver em breve um plano de intervenção «calendarizado» para criar «mais emprego, riqueza e dinamismo económico».

Novas acessibilidades previstas para a freguesia

Antes de desenvolver qualquer projecto turístico, o autarca da aldeia de S. Francisco de Assis quer melhorar as acessibilidades à freguesia. Uma reivindicação a que Carlos Pinto está atento, tendo previsto a adjudicação da estrada que liga o Pereiro a S. Jorge da Beira. Uma obra de 175 mil euros que aguarda apenas pelos fundos comunitários. Ao mesmo tempo, a autarquia prevê lançar ainda um concurso público para as obras na estrada que liga a Barroca ao Rio, que rondará os 125 mil euros. A ligação entre Ponte do Rio e Ourondo é outro projecto a levar a cabo. «Temos o trabalho feito para continuar a investir em vias de comunicação. Espero que o Governo tenha a noção exacta de que só há o caminho do investimento para tirarmos estas zonas de dificuldades económicas e sociais», frisou, tendo em conta que a Aldeia de S. Francisco de Assis está a mais de uma hora de distância da Covilhã por uma estrada sinuosa.

Novas iniciativas empresariais para combater desemprego

Depois da crise que assolou as minas e que ainda paira sobre a actividade de extracção de volfrâmio, a Junta de Freguesia de S. Francisco de Assis está a tentar desenvolver novas iniciativas empresariais. Uma delas deverá prender-se com a criação de uma fábrica de exploração da gravilha para ser utilizada nas estradas. «Ainda este ano teremos uma fábrica dessas a trabalhar nos aterros das minas», assegurou José Luís Campos, o que possibilitará a criação de seis a oito postos de trabalho, garante. Outra das hipóteses passa pela exploração dos 800 hectares de área florestal existente na freguesia, a grande maioria dos quais está cedida à Portucel. Entretanto, a Junta vai tentando combater o desemprego e as dificuldades económicas e sociais causadas pelo encerramento das confecções e de outras actividades empresariais. Exemplo disso foi a criação de um grupo de pedreiras depois de um curso de formação.

A Escola “Carlos Pinto” vai acolher 45 alunos do 1º ciclo, pré-escolar e ensino mediatizado no próximo ano lectivo

Barroca Grande tem nova escola de ensino básico

A Barroca Grande, anexa da Aldeia de S. Francisco de Assis, possui desde o último domingo uma nova escola do ensino básico, baptizada como “Carlos Pinto” por vontade unânime da Assembleia de Freguesia.

Com um custo que ronda os 540 mil euros, a nova escola está apetrechada com três salas do primeiro ciclo de ensino básico, uma sala para o pré-escolar, uma sala de exposição de artes plásticas, uma sala de informática com seis computadores com acesso à Internet, ensino básico mediatizado, refeitório, sala polivalente, uma cozinha, casas de banho, sala de arrecadação e um elevador. Infraestruturas que estarão ao dispor de 45 alunos (23 do primeiro ciclo, 12 no EBM e 10 no pré-escolar) e de cinco docentes. «É uma escola moderníssima e com todas as condições», frisou Carlos Pinto, para quem esta é «a prova de que a Câmara dá a esta zona o máximo de atenção com uma política que tem em atenção os centros rurais». Para o autarca, mesmo com as dificuldades financeiras que o país atravessa, há que «arregaçar as mangas e levar a cabo os investimentos com os recursos disponíveis». É que o investimento no couto mineiro «é para continuar».

À margem do discurso comemorativo dos 30 anos do 25 de Abril de 1974, José Luís Campos aproveitou a oportunidade para falar da «mudança radical» da freguesia em apenas dois anos. Agora, «há motivos para sorrir», destacou, já que a localidade resolveu a falta de água recorrente na zona e possui um conjunto de investimento básico, como asfalto nas ruas, gradeamentos de protecção, novos arruamentos, uma limpeza urbana assídua, complexo cultural, sanitários públicos e uma zona de lazer para crianças. Mas como «ainda há muita coisa para fazer», o presidente da Junta pediu a Carlos Pinto uma nova rede de esgotos, o Cartão Municipal do Idoso para os mineiros – que se reformam antes dos 65 anos – e uma piscina para a população. Perante os jornalistas, o autarca deixou a promessa de «olhar com atenção» para esses anseios, principalmente a extensão dos benefícios do Cartão Municipal do Idoso aos mineiros. «Gostaria de tomar uma decisão ainda este ano», confessou, na esperança de uma melhoria orçamental. Quanto à piscina, o edil covilhanense não tem dúvidas de que se trata de um empreendimento essencial para o desenvolvimento turístico da localidade. «Vou ver se é possível ainda neste mandato, mas não me comprometo com nada», referiu.

Liliana Correia

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