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Turismo decresceu na Serra da Estrela

Hotéis e Turismo Serra da Estrela fazem balanço negativo da época de inverno por causa das portagens e da falta de neve

As «medidas gravosas» adotadas pelo Governo, concretamente a introdução de portagens, fizeram com que a atividade turística na Serra da Estrela tenha registado «um decréscimo na ordem dos 10 por cento». As palavras são de Jorge Patrão, presidente da Turismo da Serra da Estrela (TSE), segundo o qual não foram alcançados os resultados de 2009 ou 2010.

Além das portagens nas ex-SCUT, que, «por um lado, são as mais caras do país, e por outro, inibem a entrada de estrangeiros devido ao pouco ágil sistema de cobrança», o responsável salienta também «a elevada taxa de IVA» na restauração. «Todos estes fatores conjugados fazem com que venha menos gente de Espanha e que internamente haja uma afetação da classe média, que constituía uma das principais populações turísticas da região, e que assim também deixa de vir». Jorge Patrão recorda que nos últimos anos apostou-se no turismo cultural e de natureza, «setores onde até se registou um crescimento por conta de rotas turísticas como as Aldeias Históricas e a Rota das Judiarias, mas não o suficiente para inverter a queda generalizada, agravada por outro fator que não pode ser esquecido: a falta de neve, que é a imagem de marca e o chamariz tradicional da região».

Em relação ao futuro, o presidente da TSE diz que continuará a ser feita uma aposta no turismo cultural, ambiental e de saúde e bem-estar, mas pede uma intervenção governamental para «agilizar o sistema de cobrança nas autoestradas, pois estamos a perder muitos clientes espanhóis». O decréscimo de turistas faz-se sentir particularmente na hotelaria. José Almeida, diretor de operações do Grupo IMB Natura, dá conta de «um acentuado decréscimo na procura, que em termos homólogos se situará na casa dos 10 por cento», num cenário que é partilhado pelas unidades hoteleiras do grupo na Guarda. O responsável adianta que só o H2Otel, em Unhais da Serra, consegue inverter a tendência, tendo inclusive registado um crescimento da procura relativamente ao ano passado.

Para José Almeida, a baixa procura na Covilhã deve-se sobretudo às portagens: «Uma viagem entre Lisboa e a Covilhã custa cerca de 30 euros, o que faz toda a diferença na escolha, até porque ir de Lisboa ao Algarve sai mais barato». A este fator juntam-se «a incontornável falta de neve», a «crise económica generalizada» e também o facto do destino Serra da Estrela «não ser capaz de oferecer outras atividades, que sejam capazes de ir ao encontro de diferentes interesses». Já no caso da Guarda considera que há que somar mais um fator a todos os anteriores, que é «o decréscimo do mercado espanhol em cerca de 40 ou 50 por cento e que também decorre, em certa medida, da implementação de portagens», acrescenta.

Do outro lado da Serra, o panorama não é melhor. Miguel Camelo, responsável pelos Hotéis Eurosol de Seia e Gouveia, fala igualmente em «crise» e na «falta de neve» para justificar um decréscimo que também situa «na ordem dos 10 por cento».

Responsáveis hoteleiros anteveem Páscoa «igual ao Inverno»

As unidades hoteleiras da Eurosol em Seia e Gouveia registam, de acordo com Miguel Camelo, uma taxa de ocupação para a Páscoa entre os 50 e os 60 por cento. «Não me parece que esta percentagem melhore, embora haja sempre gente que vem em cima da hora», acrescenta.

José Almeida afirma que «os sintomas não mudam de repente, e os fatores “repulsivos” mantêm-se», pelo que diz não acreditar numa maior procura para a época pascal, adiantando que a taxa de ocupação do Hotel Turismo da Covilhã se situa nos 50 por cento. «Antes, a semana santa atraía espanhóis, mas isso agora já não se verifica, e cá dentro as pessoas estão a optar por ficar em casa, para pouparem para as férias de verão», revela.

Por outro lado, Jorge Patrão diz ter «boas perspetivas» para a Páscoa, e acredita que será «melhor que o Inverno». «Na segunda-feira nevou na Torre, e se a queda de neve se mantiver poderemos fazer uma promoção à volta disso, que certamente se refletirá num maior fluxo de turistas», afirma.

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