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Tudo a postos para a MANIFesta

Trancoso recebe de 25 a 29 de Maio o evento de maior projecção nacional dedicado ao desenvolvimento local

Trancoso vai transformar-se, no final da próxima semana, no grande espaço da cidadania por ocasião da MANIFesta. A sexta edição desta mostra multificetada de projectos e iniciativas de Desenvolvimento Local decorre de 25 a 29 de Maio, cinco dias durante os quais a sociedade civil vai ter oportunidade para se “manifestar” e debater quase um pouco de tudo. O programa assenta no trinómio assembleia, feira e festa e propõe animação de rua, teatro, música, sessões de cinema e vários seminários.

É a primeira vez que o evento de maior projecção nacional dedicado a esta área é realizado na Beira Interior. A MANIFesta, que ocorre de dois em dois anos, foi apresentada na última segunda-feira na cidade de Bandarra e tem como grande novidade a instituição de dias temáticos. A ideia é debater o território (25), a inclusão social (26), a democracia participativa e o desenvolvimento local (27) e a cidadania portuguesa, europeia e mundial (28). A iniciativa termina com a Declaração de Trancoso, uma súmula dos cinco dias de reflexão. «Nunca houve antes um conjunto tão vasto e diversificado de debates», garante Miguel Torres, da ANIMAR – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local, que organiza o evento em parceria com a autarquia local e a associação de desenvolvimento Raia Histórica. De resto a organização convidou um membro do Governo, ligado ao respectivo tema, para cada dia. Mas a MANIFesta é também um grande acontecimento cultural com concertos, dos Quadrilha a Filipa Pais, passando por Fausto, entre outros, a espectáculos de teatro, sessões de cinema e animação de rua quanto baste.

Igualmente presentes estarão alguns dos projectos de Desenvolvimento Local actualmente em curso. É o caso do encontro de projectos de luta contra a pobreza ou das iniciativas ligadas à consolidação do artesanato em Portugal, entre muitos outros. Segundo Miguel Torres, a iniciativa permite às associações de desenvolvimento local «reganharem energias» e sobretudo contactarem «com a realidade nacional, trocarem experiências e encontrarem soluções comuns». Tanto mais que, segundo aquele responsável, o momento é de «preocupação» face à «escassez de financiamento e à falta de visibilidade» das actividades promovidas por estas entidades. Existe mesmo «algum receio» quanto ao próximo Quadro Comunitário de Apoio. «Há o risco dos apoios serem menores, o que vai pôr em causa a subsistência de muitas associações. Vai ser fundamental implementar um trabalho em rede para minimizar o impacto do QCA, pois muito pouco poderemos fazer sozinhos», considerou. De acordo com Sales Gomes, presidente da Raia Histórica, a MANIFesta 2005 tem um orçamento de 250 mil euros, mas vai ter um «grande impacto económico» em Trancoso, onde são esperados dezenas de milhares de visitantes durante cinco dias.

Por sua vez, Júlio Sarmento, presidente do município, constata que a escolha da cidade vem acentuar a «centralidade» de Trancoso como pólo de animação e de actividade no contexto regional. «É também um desafio à nossa capacidade organizativa», disse, considerando que «é no interior que faz sentido debater as problemáticas ligadas ao desenvolvimento local».

Luis Martins

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