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«Todos os voluntários são necessários»

Cara a Cara – Entrevista

P – Quantas pessoas se dedicam ao voluntariado no Hospital Sousa Martins (HSM)?

R – Neste momento temos 50 voluntários efectivos. Mas ao longo de nove anos passaram pelo nosso centro de formação 192 pessoas. Estes dados levam a crer que não somos um grupo fechado e entendemos o voluntariado como aberto à sociedade. Sabemos também que alguns dos elementos que passaram por cá ingressaram noutros grupos de voluntariado do país.

P – Qual a importância deste projecto para o Hospital?

R – Nós preferimos falar em doentes que passam pelo Hospital Sousa Martins e que precisam de ajuda. Enquanto grupo, temos como objectivo, embora seja utópico, que cada doente tenha junto de si um voluntário. Essa é a nossa meta e é para isso que trabalhamos. No entanto, sou suspeito para falar da importância do projecto para o hospital. Mas acredito que as pessoas com quem trabalhamos reconhecem o nosso trabalho, nomeadamente o Conselho de Administração e todos os profissionais, embora seja dirigido aos doentes.

P – Desde quando é que o Hospital recebe voluntários?

R – Nós começamos em 22 de Fevereiro de 1999. Ou seja, estamos a completar 10 anos de trabalho. Nem sempre é fácil, mas temos dado o melhor de nós, pondo à disposição dos doentes todos os nossos recursos. Creio que de falta de entrega, dedicação e amor a esta causa ninguém nos pode acusar.

P – O que é que os voluntários podem fazer?

R – Muita gente interroga-se sobre o que os voluntários fazem, mas, acima de tudo ajudamos a sustentar projectos de vida. No entanto, também tomamos algumas iniciativas quando estamos com os doentes, não garantimos serviços, mas se for necessário dar uma refeição damo-la. E, principalmente, ouvimos, damos carinho e aconchego. São coisas muito simples hoje em dia, mas quem passa por aqui sabe dar grande valor a essas coisas.

P – E qual é o “feedback” que recebe dos doentes?

R – É o melhor possível. Não pretendemos que o nosso trabalho seja todos os dias reconhecido. Somos sempre bem recebidos e, quando cá estamos, despendemos todo o nosso tempo para a ajuda que nos é solicitada. O nosso trabalho é todos os dias encontrar pessoas que não conhecemos, não sabemos quem são, mas isso faz parte do nosso dia a dia.

P – Os voluntários recebem alguma formação antes de começarem a apoiar os doentes?

R – O voluntariado em saúde é um tipo específico, daí termos que preparar os interessados em colaborar. Nesse sentido, temos um curso preparatório de 22 horas, com um painel e temáticas diferenciadas, que os ajuda a prepararem-se tecnicamente. É um direito que o voluntário tem. A formação faz parte de um plano de actividades e os que estão no grupo também têm direito à reciclagem que é proposta quando entram novos elementos.

P – Que requisitos são necessários?

R – Acima de tudo ser uma pessoa altruísta e que tenha tempo para ajudar os outros. Todos os voluntários são necessários, das pessoas com mais qualificações às menos qualificadas. No Hospital Sousa Martins temos desde jovens licenciados a pessoas idosas.

P – Este Grupo de Voluntários tem algum projecto para pôr em prática no futuro?

R – O nosso principal projecto era ter um voluntário por cada doente que passasse pelo Hospital. Outra ambição era ter uma Liga de Amigos do Hospital bastante participativa e interveniente, em que o Grupo também se pudesse apoiar. Gostava ainda que as pessoas da nossa comunidade se interessem pelo nosso Hospital, nomeadamente no que diz respeito à ajuda dos doentes.

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