Níveis de discussão.
1- O roubo do risível. Imaginemos que as granadas não eclodem, que as munições estão pútridas, que os lança granadas estão avariados, que as G3 encravaram há décadas. O espanto dos ladrões. A surpresa dos operacionais.
– Mas nada disto presta? Isto é o armazém de velharias?
– Mas que material obsoleto é este?
– Da próxima só roubamos em Espanha!
O nível da chacota militar que nos fez ir de forma inadequada para vários teatros de operações. O nível do hilariante, das guerras do Raul Solnado. A minha recruta, onde a quarta arma disparou.
2- O nível da negligência grave. A sentinela que não está lá. O sistema vídeo que não funciona (durante toda a guerra colonial não existiam vídeo vigilâncias e não houve roubos a paiol militar). A rede que circunda o perímetro andrajoso. Quem é o militar responsável? Quem é o político avisado que não deu importância? Há relatórios? Os discursos elaborados do sr. ministro apoucando o drama. Ninguém disparou um tiro no assalto?
3- A desconfiança instalada. Houve roubos de munições e material militar na América e noutros países, mas em muitos houve conivência das tropas envolvidas. É um bom negócio de mercadorias específicas. Não há tiros e só se sabe dias depois? Um dia, por muito menos, levaram injustamente presos médicos do meu hospital, mesmo antes de conferir numerações de gastos e armazém. Já havia algemas e eram coisas para o ouvido, onde ninguém sucumbia, ninguém imolava, ninguém assassinava. Havia suspeição! Aqui não há? Não se coloca a conivência?
Tudo isto é triste, tudo isto é Fado!
Por: Diogo Cabrita