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SPRC promete «envergonhar» Governo durante Euro’2004

Folhetos que referem haver um milhão de analfabetos no país e 40.000 docentes desempregados serão distribuídos nalguns jogos

O Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) vai aproveitar os jogos do campeonato europeu de futebol para «envergonhar» o Governo português, distribuindo folhetos onde refere que há um milhão de analfabetos no país e 40.000 docentes desempregados. A medida foi divulgada aos jornalistas na terça-feira depois de uma reunião em Viseu dos membros das comissões de luta dos docentes contratados e desempregados de toda a região Centro. Os responsáveis analisaram o projecto de portaria, apresentado pelo Ministério da Educação, que visa fazer alterações ao regime legal da celebração de contratos.

O coordenador do SPRC, Mário Nogueira, criticou que o Governo queira tirar «o pouco que os professores contratados e desempregados tinham, ou seja, alguns dos seus quase nenhuns direitos», nomeadamente reduzindo o tempo mínimo de contrato de um mês para cinco dias e acabando com a prorrogação dos contratos de substituição até 31 de Agosto quando os substitutos estejam a trabalhar até 31 de Maio. Por considerar estas alterações «muito negativas», o SPRC decidiu avançar com várias medidas, nomeadamente distribuir folhetos escritos em português, francês e inglês em jogos do Euro’2004 que se vão realizar na região. Em Coimbra, os professores estarão nos jogos Inglaterra-Suiça (17 de Junho) e Suiça-França (21 de Junho), em Leiria no Croácia-França (dia 17 de Junho) e em Aveiro no Holanda-República Checa (19 de Junho). Segundo Mário Nogueira, as mensagens a distribuir darão a conhecer que Portugal tem um milhão de analfabetos, as maiores taxas de iliteracia, abandono e insucesso escolar da União Europeia e, ao mesmo tempo, «40 mil professores e educadores no desemprego». «Esta boa ideia foi-nos dada pelo ministro Arnaut, que dizia que não se aproveite o Euro para fazer exigências. Se veio apelar a que não se fizesse, é porque deve ser boa ideia fazê-lo», referiu o dirigente sindical. Ficou também decidido fazer uma manifestação na primeira visita do primeiro-ministro ou do ministro da Educação à região Centro, para «dizer que basta de desrespeito, de mau tratamento a quem já tem tão pouco» e, em muitos casos, faz parte do grupo de 200 mil pessoas que passa fome em Portugal, acrescentou. Caso o Presidente da República Jorge Sampaio passe pela região durante a presidência aberta dedicada à educação, que se vai realizar de 04 a 07 de Maio, vão solicitar-lhe uma audiência.

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