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Solário mínimo

Extremo Acidental

O primeiro-ministro propôs esta semana negociações para a subida do salário mínimo, meses depois de ter confessado ao parlamento e ao país que em situações económicas como a nossa seria mais aconselhável baixar o salário mínimo. Não sei o que terá levado Passos Coelho a mudar de opinião, mas talvez o sub-chefe do governo seja visitado, como Ebenezer Scrooge, o velho forreta dickensiano do “Conto de Natal”, pelos fantasmas dos debates passados, presentes e futuros e vá formulando as suas opiniões políticas e económicas conforme os fantasmas entram e saem.

Este tema suscita muita discussão fundada no senso comum, pelo que é sempre útil recorrer a instrumentos teóricos como base de reflexão. Vejamos, o salário mínimo é como a mini-saia. Todos querem que suba, mas – dizem os economistas e os tarados – há um limite a partir do qual a mini-saia e o salário mínimo se transformam em cintos e subsídios de desemprego.

Além disso, como qualquer aluno do Chapitô sabe, o ordenado mínimo e o desemprego formam um ponto de equilíbrio como os pratos que giram nas varas. Segundo as regras da física e do FMI, se os pratos giram pouco, estatelam-se no chão, se os pratos giram muito, saem a voar e estatelam-se na parede. Como tem demonstrado o neo-pacheco-pereirismo com os seus desenhos infanto-juvenis, o futuro do prato é sempre estatelar-se, enquanto as varas se mantêm de pé.

Debata-se portanto nas casas e nas ruas um tema fundamental à paz social: deve ou não a concertação social aumentar coercivamente o número de lavagens aos cabelos de acrobatas e malabaristas?

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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