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Sócrates compromete-se com requalificação do hospital

Almoço-comício do Nerga foi um dos maiores de sempre do PS na Guarda

José Sócrates confirmou terça-feira na Guarda, durante o mega-almoço no Nerga, que se o PS for Governo vai apostar na requalificação do Hospital Sousa Martins e pôr um ponto final no projecto das parcerias público-privadas. «Com franqueza, andaram três anos a arrastar os pés, para a frente para trás, a prometer um hospital novo e passados três anos nada está feito», sentenciou o secretário-geral do Partido Socialista e candidato a primeiro-ministro acusando o PSD de não ter cumprido uma promessa feita por Durão Barroso em 2002. Quem também quer cobrar é Maria do Carmo Borges, mandatária distrital da lista pela Guarda, que apelou ao empenho de quem sente que o actual Governo «só governa para alguns» para eleger um terceiro deputado do PS pelo distrito.

Num pavilhão a rebentar pelas costuras – estariam presentes cerca de duas mil pessoas -, e animado pelo tema “Vermelhão”, de Fáfá de Belém, e outros ritmos carnavalescos, o líder dos socialistas elegeu a abstenção como principal adversário do PS nas eleições do próximo dia 20. «Esta é a oportunidade, esta é a hora. Chegou o momento de Portugal dizer que caminho quer seguir», acentuou José Sócrates, garantindo que a saúde e as políticas sociais serão prioridades de um Governo socialista tendo assumido o compromisso de requalificar o hospital guardense. «Se ganharmos as eleições, vamos fazer a requalificação do hospital. Isso vai ser feito, porque a Guarda merece ter um hospital em condições», afiançou, não sem antes sublinhar que com o PS no Governo, «os tempos de esquecimento do interior acabaram». Até porque um executivo socialista olhará para a saúde «muito menos como um negócio e muito mais como a qualificação dos serviços». Sócrates insistiu: «Nós queremos que a saúde continue a ser um bem público, com igualdade de acesso». Por outro lado, o candidato disse sentir-se «em casa» na Guarda e prometeu não esquecer o interior. «Eu sou como vós: do interior, da serra! É por isso que, aqui na Guarda, também me sinto em casa. É por isso que aprendi que quem conta com a Guarda encontra sempre muito mais do que a conta», afirmou.

Por sua vez, o cabeça de lista pelo distrito, Pina Moura, que falou antes de Sócrates, deixou uma pergunta: «Se o que aqui está não é povo, onde é que está o povo?». Já Maria do Carmo Borges disse que os guardenses estão empenhados em contribuir para a maioria absoluta do PS. «Todos sentimos que não vale a pena continuarmos a ter um Governo que realmente só governa para alguns», criticou, apontando como meta no distrito a eleição de um terceiro deputado do PS. Em Seia, onde esteve durante a manhã, José Sócrates já tinha insistido contra os riscos da absetenção.

«Ninguém pode ficar indiferente ás escolhas que se vão fazer no próximo dia 20. Que nenhum português olhe para o lado quando está em causa o futuro do país», disse. O líder do PS adiantou ainda que quem «vaticina uma elevada abstenção nas eleições legislativas engana-se, porque não conhecem o povo português». No seu discurso, Sócrates prometeu que um Governo socialista vai combater a pobreza, o desemprego e a lógica de «haver regiões ricas e outras pobre, cidadãos de primeira e outros de segunda». Mais violento foi Pina Moura, que acusou os Governos PSD/PP de terem «assassinado a sangue frio» as indústrias têxteis da corda da Serra da Estrela. «Dez mil dos 150 mil desempregados criados por estes Governos são daqui, dos concelhos de Seia e da Guarda, cujas empresas foram conduzidas a uma morte irreversível», denunciou. De resto, José Sócrates não tem dúvidas que as «primeiras e principais vítimas da recessão, do desemprego e da diminuição das condições de vida foram as gentes do interior», uma região que «sofreu muito mais que o resto do país», sustentou na Guarda.

Sócrates com apoio de Guterres para a maioria absoluta

António Guterres pediu no último domingo em Castelo Branco, no comício que marcou o arranque da campanha, a maioria absoluta para José Sócrates. «Nunca pedi para mim essa maioria, mas hoje o país está numa situação mais difícil e por isso tenho a autoridade moral para pedir pela primeira vez na nossa história uma maioria absoluta para o PS», frisou o ex-primeiro-ministro, recordando aos milhares de apoiantes que esta é a única possibilidade de ter um Governo «sólido e capaz de aprovar o seu projecto sem estar dependente de outros partidos».

O presidente da Internacional Socialista não quis deixar de manifestar o seu apoio a José Sócrates, um «amigo» de «excepcionais qualidades humanas», salientou, relembrando ainda a «enorme capacidade política e governativa» do actual candidato a primeiro-ministro comprovada pela Faculdade de Medicina, a A23, a electrificação da Linha da Beira Baixa ou o Euro 2004. «Os portugueses sabem bem quem é José Sócrates», concluiu Guterres, comentando dois cartazes do PSD. «Já o outro cartaz [onde aparece Santana Lopes com a frase “este sim, sabem bem quem é”] tem alguma razão. Infelizmente para o PSD, os portugueses conhecem-no bem e é por isso que está condenado a perder as eleições», ironizou, acusando Santana Lopes de ser responsável por quatro meses de «desastre» para Portugal. Por sua vez, José Sócrates, que antes tinha almoçado na Covilhã com cerca de dois mil apoiantes, disse ser a hora de «mudar» Portugal com mais apoio à ciência e investigação, mais qualificação humana e no combate à pobreza e ao desemprego. Sócrates prometeu ainda que a A23 «não terá portagens». O cabeça de lista do PS por Castelo Branco criticou ainda o PSD – que se encontrava também em comício naquela cidade – de praticar uma campanha «com único ponto: dizer mal do PS e, particularmente, de mim».

Luis Martins

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